Terminou a agonia, voltaram as vitórias, ficou o jogo pobre. A única nota negativa da tarde para o Arouca foi mesmo o mau espetáculo que se viu frente ao Marítimo, mas, já se sabe, nisto do futebol a sério o pragmatismo bate tudo o resto. Importava ganhar e o Arouca ganhou. Fez mais por isso, embora quase nunca bem. De qualquer forma, está aí o objetivo: três pontos.

Ora...Contar os grãos de areia. Ver crescer a relva. A primeira parte do Arouca-Marítimo. É só escolher a ordem, mas o grau de tédio não deverá andar muito longe. Foi má, muito má mesmo, a primeira amostra do jogo. E o segundo tempo, sendo melhor, também não entusiasmou por aí além, é preciso dizer.

Os motivos, de resto, não são difíceis de perceber. Desde logo porque a maior obrigação de vencer estava na equipa que, pela posição que ocupa na tabela, também mais necessitava que isso acontecesse. O Arouca não caminha ainda sobre brasas porque falta muito campeonato, mas o desconforto de ver um «europeu» na cauda do pelotão é evidente. E o futebol ressente-se.

Tanto que, na primeira metade, quase nem existiu. Que miséria. O lance mais perigoso em todos os 45 minutos iniciais foi um desvio de Velázquez, em apoio ofensivo, após livre de Vítor Costa, que saiu por cima. E nem sequer foi muito perto.

O resto foi um longo bocejo. A bola foi sempre mais do Arouca, mas o Marítimo, confortável com o empate e expectante em vez de proativo, tapava os caminhos da baliza e a bola rodava sem furar. Ver três passes seguidos perto da área contrária foi uma raridade.

O Arouca, sublinhe-se, teve também de lidar com o azar desde cedo. Kuca, após um sprint ainda no primeiro quarto de hora, ficou agarrado à coxa e acabou ali para o jogo. Entrou Nuno Valente e a verdade é que até entrou bem. Foram dele quase todas as tímidas investidas da formação de Lito Vidigal no primeiro tempo.

Veio então o segundo e, como se disse, o futebol subiu um nível. Não deu para mais, mas quem se deslocou ao Municipal de Arouca certamente agradeceu o acréscimo de qualidade.

Nem foi preciso, aliás, mexer nas equipas. A atitude do Arouca, que ficou novamente com as despesas do jogo, é que foi bastante melhor. Walter González deu o primeiro sinal ao minuto 50, Nuno Valente, num cruzamento/remate, obrigou Gottardi a aplicar-se pouco depois.

Os melhores cinco minutos no jogo faziam, finalmente, a boca fechar e o olhar focar o essencial: faltava muito tempo e seria mais do que suficiente para maquilhar a pálida imagem inicial.

Não foi cumprido em pleno, porque o Marítimo também não esteve pelos ajustes e a posição no terreno em busca do contra-golpe estava prevista, estudada e treinada. Mas aqueceu.

Ghazaryan, entretanto entrado no terreno insular, atirou a rasar o poste a dez minutos do fim, antes do lance que tudo decidiu. Um jogo destes só seria desatado com um lance individual. Infelizmente não foi um momento de génio. Antes, um erro incrível.

Maurício foi réu esta tarde ao acertar mal na bola num alívio defensivo. Foi tão mau que saiu para trás e isolou Mateus. Gottardi ainda fechou o espaço, mas o angolano viu Walter no centro. Depois, foi só marcar.

Uff. Três pontos para o Arouca, finalmente. São oito agora na Liga e um respirar fundo para os homens de Lito Vidigal. Fica ainda uma tendência curiosa: as duas vitórias na Liga foram contra equipas da Madeira, ambas em casa. Já o Marítimo perdeu pela primeira vez na era Daniel Ramos.