A ressurreição em 12 minutos. Benfica abençoado num autogolo de Kritciuk e numa finalização de Lisandro López, o substituto de Luisão. Da dúvida e do medo, às nuvens. Auto estima carregadíssima.

O Sp. Braga foi um oponente duro e um magnífico terapeuta. Além de ter perdido, testou os limites do Benfica com brusquidão e intensidade. Nada a fazer, as águias seguraram a vantagem de dois golos, conquistada logo no arranque, e sobem ao terceiro lugar da Liga.

Indignado pela crítica recorrente, o Benfica teve o grande mérito de entrar carregado de ordem e ambição. Meio-campo reforçado (4x2x3x1), impertinência nos movimentos e aproveitamento total da imprudência do Sp. Braga no dealbar do jogo.  

FICHA DE JOGO E NOTAS AOS ATLETAS

Ironicamente, com a arma mais letal sentada no banco (Jonas), o Benfica mostrou, quiçá, a mais mortífera versão da atual temporada.

Rui Vitória ganhou a aposta na dupla (improvável) Fejsa-Renato Sanches. O menino está mais do que preparado para ser titular e formou com o sérvio uma barragem sólida à frente dos centrais.

Para o restante plano de jogo – manobras de diversão e ataque -, Gonçalo Guedes, Pizzi e, agora e sempre, Nico Gaitán chegaram e sobraram. O argentino voltou a ter pormenores de eleição e ainda mandou uma bola ao ferro no segundo tempo.

Por falar em ferro, é mais do que justo sublinhar a postura venial do Sp. Braga, mormente no segundo tempo. Além de três bolas nos ferros (lá está) da baliza de Júlio César – Hassan e Boly de cabeça e Filipe Augusto num livre direto – os minhotos exploraram o que era possível explorar.

DESTAQUES DO JOGO: Renato Sanches a pintar o miolo de encarnado

Pela direita (um grande Alan), pela esquerda (mais Djavan do que Rafa) e pelo meio (Luiz Carlos superior a Mauro). Futebol paciente, rendilhado, sempre muito cuidado nas primeiras fases, mas a falhar no coração da área do Benfica.

Hassan e Stojiljkovic foram gladiadores, entregaram-se à luta, deram o que fazer a Jardel e Lisandro, mas os cruzamentos ora chegavam mortos, ou eram afastados, ou simplesmente não tinham a direção certa.

Ao Sp. Braga faltou o golo, UM golo que fosse, para alimentar a dúvida. Assim, o Benfica jogou sempre em cima de um conforto emocional nada despiciendo.

No segundo tempo, particularmente aí, o Benfica terá chegado à área do Sp. Braga quatro/cinco vezes. Não mais do que isso. E criou quase sempre perigo.

Rui Vitória terá optado por baixar as linhas propositadamente, atrair o Sp. Braga com um risco calculado e disparar o ataque gastando poucas balas. Se era essa a estratégia, fantástico. Se foi por incapacidade, o Benfica teve mais sorte do que qualidade.

Sobra, enfim, o resultado. E esse, sejamos claros, é uma vitamina preciosa para uma equipa que se tem arrastado, aqui e ali, pelas ruas da amargura.

O Sp. Braga falha no assalto à cúpula da Liga, o Benfica aproveita 12 minutos infernais para evocar a ressurreição e erguer os olhos ao céu.

Resta dizer que um jogo tão interessante merecia uma arbitragem melhor. Hugo Miguel foi chatinho, castigou muito o Sp. Braga no primeiro tempo, mas tem a atenuante de não ter influenciado o resultado final.

A não ser que se tenha enganado brutalmente num lance com Hassan na área do Benfica (há empurrão de Lisandro?) ou num choque entre Baiano e Pizzi perto da baliza do Sp. Braga. A televisão que decida.