O dragão levou um grande susto, nem deu para saborear a euforia da goleada europeia ainda tão próxima na memória dos adeptos azuis e brancos, mas acabou por conseguir cumprir o objetivo essencial: vencer os três pontos, manter distância de quatro para o Benfica.

Mas que foi um grande abalo para o conjunto de Lopetegui, foi: Fabiano expulso ainda antes do quarto de hora, 1-0 construído a custo (mas com mérito) em inferioridade numérica, terminar o jogo com o coração nas mãos, perante as tentativas arrojadas do Arouca.

Um aplauso para a equipa de Pedro Emanuel, que nunca se atemorizou com o adversário poderoso e bateu-se, literalmente do início ao fim, pela conquista de pelo menos um ponto, no reduto portista.

O FC Porto teve o mérito de minimizar danos de jogar com dez tanto tempo, mas teve boa parte do seu poder de fogo diminuído por esse constrangimento.

E depois de boa resposta à inferioridade numérica na primeira parte, chegando ao 1-0, teve fases de risco elevado no segundo tempo, fruto do recuo no terreno em momentos em que o Arouca esteve por cima.

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O início do jogo não estava no programa oficial.
 
O Arouca entrou bem, trocava a bola, aproveitava uma certa ressaca de euforia do dragão, depois da bela noite europeia de quarta-feira, com o Basileia.
 
O FC Porto demorava a impor-se, mas perto dos dez minutos já dava mostras de poder chegar ao golo.
 
Mas a formação de Pedro Emanuel mantinha-se atrevida e surgiu, então, o lance inesperado que viria a baralhar o rumo desta partida.
 
Iuri Medeiros (sim, o mesmo que marcou cedo ao Benfica, na jornada anterior) assina passe fantástico, a desmarcar André Claro.
 
Perante o perigo iminente, Fabiano, que já tinha tido saídas arrojadas no jogo com o Basileia, decide abandonar a área e fazer-se ao lance. Derruba André Claro, leva vermelho direto.
 
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O FC Porto, com o jogo a 0-0 e ainda em fase muito prematura, passa a atuar em inferioridade numérica, perante o Arouca, no Dragão. Não é costume.
 
Animado com o cenário inesperadamente favorável, o conjunto arouquense teve fase de algum domínio: mais alguns lances de entendimento, um ou outro remate de longe, mas nada de muito significativo.
 
O dragão não precisou de muito tempo para se reorganizar: Ricardo Pereira (isso é que foi azar!) não teve tempo de aproveitar a oportunidade de ser titular a lateral-direito e foi o sacrificado, para a entrada de emergência de Helton (que não jogava para o campeonato há um ano menos um dia, desde que se lesionou com gravidade no tendão, frente ao Sporting, a 16 de março de 2014).
 
Carismático, corajoso, Helton entrou motivado e mereceu a maior ovação da noite. Em poucos minutos justificou os aplausos, respondendo sempre bem às tentativas dos jogadores do Arouca.
 
A defesa do FC Porto passou a ser formada por apenas três unidades: Indi à direita, Marcano no eixo, Alex Sandro à esquerda. O resto, pouco mudou: dragão a crescer, Quaresma em alta, estimulado pela titularidade que permitiu descanso suplementar a Tello.
 
E Oliver a regressar cheio de vontade, depois de lesão e de espera no banco pelos bons desempenhos de Evandro.
 
Mesmo com menos um, o FC Porto, a meio da primeira parte, já mandava e tinha mais posse de bola. Quaresma, aos 28, terá sofrido penálti que ficou por marcar em lance em que é atingido na cara por Diego Galo.

O árbitro deixou seguir, Quaresma protestou muito e ainda teve que receber assistência. Mas poucos minutos, lá estava o extremo (capitão neste jogo), a voltar a assinar daqueles momentos que só ele sabe fazer: grande cruzamento para Aboubakar, a desenhar o 1-0.

Marcar e gerir a inferioridade numérica 
 
Com o FC Porto em vantagem no marcador, parecia que o mais difícil estava feito para o plano portista: ultrapassar a adversidade da expulsão de Fabiano e conseguir chegar à vantagem.

Mas ainda não foi fim de linha para o Arouca: a equipa de Pedro Emanuel tinha intentos de chegar pelo menos ao 1-1... e fazia por isso.

Não foi, assim, de admirar que, para a segunda parte, Lopetegui tenha optado por uma recomposição daquele «10»: a defesa voltou a ter quatro elementos, com Herrera encostado a lateral-direito, Indi e Marcano como centrais, Alex Sandro na esquerda. Casemiro e Oliver aguentavam a zona mais recuada do meio-campo, Brahimi dava apoio quando era preciso.

Minutos depois, pelos 57, Oliver (ainda com pouco ritmo) foi sacrificado, para entrar Ruben Neves: o meio-campo portista passava a ter um maior equilíbrio.

Quaresma, inspirado, ia marcando um golaço, mas Goicoechea não deixou, voando para defesa que redundou em canto.

Arouca acredita
 
Mas o Arouca não se assustou com a reorganização e teve mesmo fase, pelo minuto 60, em que esteve bem perto do 1-1: primeiro foi Claro a assinar remate perigosíssimo, com defesa assombrosa de Helton, num dos grandes momentos da noite; depois foi um remate de Rui Sampaio, a passar muito perto do poste.

Pragmático, o FC Porto, com dez, foi abdicando do ataque continuado e recuou no terreno, sempre que se sentiu ameaçado pelo adversário. Mais do que festejar o 2-0, havia que preservar o 1-0.

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E assim foi até ao fim: o FC Porto a dar graças pelo 1-0, que ao menos lhe mantinha a quatro pontos do Benfica, o Arouca a tentar o 1-1, ainda que sem lograr grandes oportunidades para isso.

Ficaria mesmo 1-0: justo para o pragmatismo de um dragão com dez, mas mais talento que o adversário.