«Se me tiras o ar, a ti tiro-te a vida». O verso escrito pelos Capitão Fausto, há oito anos, poderia ser a frase proferida pelos «lobos» da Freita perante uma exibição soberba de Ricardo Velho. A insistência permitiu ao Arouca levar a melhor sobre os «leões de Faro», por 2-1.

Na tarde deste sábado, em encontro da 27.ª jornada da Liga, Daniel Sousa promoveu duas trocas no «onze» face à derrota na visita ao Moreirense (1-0). O timoneiro do Arouca devolveu David Simão e Mújica à titularidade – depois de cumprirem castigo – em detrimento de Kouassi e Lawal.

Do outro lado, José Mota trocou Belloumi e Cláudio Falcão por Bruno Duarte e Cáseres, em resposta ao empate caseiro ante o Rio Ave (1-1).

O arranque do quinto jogo oficial entre lobos e leões – o segundo na Liga – evidenciou aquela que seria a toada da partida. O Arouca, tranquilo com a posse, construía em zona adiantada, ainda que numa primeira fase fosse incapaz de encontrar espaço para rematar. Ao fim de 13m, Jason foi o primeiro a indicar aos colegas de matilha o rumo a seguir. A «bomba» do espanhol, lançado pela esquerda, apenas foi desarmadilhada pelo pé de Talys.

Na resposta, os leões de Faro deixaram, por fim, evidente a estratégia para esta tarde. Aos 17m, Marco Matias e Zé Luís obrigaram Arruabarrena a agigantar-se, e a provar, uma vez mais, por que motivo é um dos melhores guardiões da Liga. Travado o primeiro remate, o uruguaio – aparentemente prostrado no relvado – voou para negar a felicidade de Zé Luís.

Entregue este aviso, principiou o «duelo-mor». A partir dos 20m, Ricardo Velho travou as sucessivas investidas de Cristo e Mújica. Remates em arco, recargas e cruzamentos, nada parecia transpor o guardião dos leões de Faro.

Pelo meio, Marco Matias desperdiçou a melhor oportunidade na primeira parte para a turma de José Mota. Acelerando pelo corredor central, e sem marcação, o experiente avançado foi incapaz de inaugurar o marcador. Perante Arruabarrena, o remate cruzado saiu torto.

Retomado o duelo com Ricardo Velho, Mújica e Cristo roçavam já o desespero quando, na sequência de um canto, pela direita, Tiago Esgaio cabeceou ao primeiro poste, penteando o esférico por cima do guardião, que, desta feita, nada poderia fazer.

Em cima do intervalo, aos 45+2m, o lateral do Arouca inaugurou o marcador e assinou o segundo golo na Liga.

Portanto, o tento de Esgaio lembrou-nos que Ricardo Velho, apesar de ser um guardião talentoso, continua a ser humano, e, por inerência, incapaz de travar o impossível.

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Cristo tomou nota e superou Velho

No segundo tempo, o «tira-teimas» de Ricardo Velho com Mújica e Cristo foi apenas interrompido ao minuto 51, quando Zé Luís errou o empate. Na sequência de um livre, batido pela esquerda, Arruabarrena travou o cabeceamento de Gonçalo Silva e, na recarga, o ponta de lança falhou a emenda.

Um oportunidade que se viria a revelar capital, momentos mais tarde. Enquanto José Mota fixava unidades em redor da área dos anfitriões, com a entrada de Belloumi e Elves Baldé, Daniel Sousa, por sua vez, apontava ao contra-ataque, uma matéria na qual estes lobos são implacáveis.

Minutos depois de Ricardo Velho voltar a travar Cristo González, e Arruabarrena negar o golo a Marco Matias, o avançado espanhol encontrou, por fim, a via da festa. Beneficiando do jogo partido, Mújica assistiu o compatriota, que, assim, assinou o 12.º golo na Liga.

Até final, entre imensas trocas, o Farense apenas encontrou a via do golo por Bruno Duarte, aos 88m. No único passe dominado com sucesso nas costas da defesa, o brasileiro reduziu. Todavia, o tempo ia já adiantado e os algarvios não foram a tempo de, pelo menos, resgatar um ponto. Pela primeira vez no encontro, o Arouca abdicou de atacar, a fim de confirmar o regresso às vitórias.

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O triunfo permite ao Arouca consolidar o sétimo posto, com 37 pontos. Segue-se a visita ao Sp. Braga, a 6 de abril, naquele que será um interessante embate entre Mújica e Banza.

Quanto ao Farense, os algarvios centram atenções no regresso a casa, para o duelo com o Boavista, agendado para a noite da próxima sexta-feira. Os leões estão no 12.º posto, com 27 pontos, em igualdade com Casa Pia (11.º) e com menos um ponto que os axadrezados, que ainda vão disputar esta ronda.

Por isso, o Farense continua a olhar para trás, uma vez que a linha de água está a seis pontos. Os comandados de José Mota estão há nove jogos sem vencer.