A sala foi pequena para os 350 sócios do FC Porto que esta terça-feira quiseram marcar presença Assembleia Geral Extraordinária do clube, onde confrontaram o presidente com duras críticas sobre o insucesso desportivo da equipa de futebol. Segundo informações recolhidas pelo Maisfutebol, Pinto da Costa garantiu que, caso não seja eleito presidente do clube, se demite de presidente da SAD.

Esta questão do desfasamento do ato eleitoral foi colocada até por mais do que uma pessoa. Os sócios quiseram saber o que levou a que as eleições da SAD fossem realizadas no início de março, quando ainda não tinha sido eleito o presidente do clube. Recorde-se que as eleições para os órgãos sociais do clube decorrem a 17 de abril e, caso Pinto da Costa não seja eleito – e ainda nem é candidato – haverá um presidente da SAD, entidade responsável pelo futebol, que não é a mesma pessoa que o presidente do clube. E poderá até nem ter a mesma visão para o FC Porto.

Jorge Nuno Pinto da Costa explicou que o prazo para as eleições na SAD se realizarem era o mês de março. Mas o ato eleitoral até acabou por ser apressado porque havia questões para resolver que necessitavam da legitimidade que a reeleição da direção da SAD traria, como o caso da parceria com Unicer, «um contrato para três anos, de vários milhões euros».

O responsável explicou ainda que convocou duas reuniões antes das eleições: uma na SAD e outra na direção do FC Porto, onde estiveram os 14 vice-presidentes, e onde garantiu: «Se eu não for o presidente, no mesmo dia demitimo-nos da SAD sem exigir absolutamente nada ao FC Porto».

Alguns associados queixaram-se ainda da forma como o clube está a ser gerido, falaram sobre divisões internas no seio do FC Porto, e apelaram à necessidade de «fazer uma limpeza para tirar os oportunistas e os mafiosos».

«No nosso mandato, o FC Porto ganhou uma supertaça, não é nada»

As restantes questões foram, quase todas, sobre os maus resultados do clube, que têm deixado os azuis e brancos numa seca de títulos. Os associados perguntaram a Pinto da Costa como explica a situação dos insucessos dos últimos dois anos, e de «mais um que vai pelo mesmo caminho», e que está previsto fazer para a inverter.

Pinto da Costa admitiu então que o anterior treinador, Julen Lopetegui, «não se integrou no futebol português», mas aponta também o dedo aos árbitros, embora admita que «não é uma explicação», e ao anterior presidente da Liga, Mário Figueiredo.

Perante vários sócios que se disseram tristes com o que tem acontecido no futebol do clube, o presidente admitiu: «Estamos tristes quando se fala de futebol. No nosso mandato, o FC Porto ganhou uma supertaça, não é nada para o que queremos».

As contratações também foram alvo de crítica, nomeadamente a da Imbula, que chegou ao FC Porto por 20 milhões de euros, e já foi vendido para o Stoke City. O presidente apontou toda a responsabilidade ao técnico Julen Lopetegui. «Fomos atrás da sua opinião. Felizmente que conseguimos não perder dinheiro porque o vendemos a tempo e horas».

«Mística? Hulk não sabia o que era o FC Porto»

Mas as queixas não foram unidirecionais e Pinto da Costa também apontou o dedo aos adeptos por assobiarem os jogadores quando falham um passe «aos 5 minutos», e rejeitou as críticas de que a equipa tem poucos portugueses, lembrando que a formação que ganhou a Liga Europa em 2011 em Dublin tinha três portugueses, quando agora há quatro a jogar regulamente, não contando com Sérgio Oliveira, por exemplo, que jogou no último domingo.

E o argumento de «falta de mística» também não colhe junto de Pinto da Costa que diz que a mística é serem verdadeiros profissionais e deu exemplos. «Quando chegou cá, o Hulk não sabia o que era o FC Porto, nem o James Rodriguez, ou o Falcao. E agora ninguém pode pôr em causa o profissionalismo, o empenho, a vontade do Maxi Pereira, do Danilo… de diversos jogadores que são um exemplo dentro do campo».