O Benfica venceu o Boavista no Estádio da Luz num jogo de elevada tensão que se foi acumulando ao longo de uma primeira parte sem golos e, depois, com um primeiro golo anulado a Di María. O argentino acabou por marcar logo a seguir, de forma inadvertida, e o estádio quase veio abaixo e, a fechar o jogo, ainda fez uma assistência para Marcos Leonardo voltar a marcar.

Cinco meses depois de ter consentido a primeira e única derrota na Liga, no Estádio do Bessa, logo na ronda inaugural, o campeão venceu agora os axadrezados a abrir a segunda volta e, desta forma, mantém a pressão sobre o Sporting no topo da classificação.

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Sem João Neves, ao que tudo indica, limitado por um toque no último jogo, o Benfica entrou em campo com Florentino, mas sem alterar a sua forma de jogar, procurando pressionar o Boavista desde o primeiro minuto. Os axadrezados ainda ensaiaram o primeiro ataque, logo a abrir o jogo, mas depois foram obrigados a recuar a toda a linha para suster a pressão dos encarnados.

Di María e João Mário alargavam o jogo nas alas, obrigando o Boavista a também alargar o seu quarteto defensivo, com Makouta e Seba Pérez, à frente da área, a procurar as muitas brechas que se iam abrindo. Uma pressão que chegou a ser asfixiante, com o Boavista sem conseguir sair da armadilha montada pela equipa de Roger Schmidt. A equipa do Bessa ainda procurou explorar as bolas longas, mas Bozenik, sem qualquer apoio, raramente chegava às bolas.

O ritmo estava baixo, uma vez que o Benfica, instalado junto à área de João Gonçalves, já não tinha espaço para acelerar, mas não faltaram oportunidades, particularmente de bola parada, com nove pontapés de canto até ao intervalo. Os adeptos chegaram a levantar-se das bancadas quando, aos 13 minutos, Morato cruzou tenso para a pequena área, mas João Mário, Rafa e Arthur Cabral, um de cada vez, não conseguiram desviar a bola. O próprio Morato teve uma oportunidade flagrante, no coração da área, após atraso de Otamendi, mas o remate do brasileiro saiu ao lado.

Com os minutos a correr, o Boavista, mesmo sem conseguir ter bola, parecia cada vez mais confiante, na forma como conseguia cerrar fileiras e fechar os acessos à baliza de João Gonçalves. Di María, o mais rematador nesta primeira parte, ainda tentou surpreender com remates de meia distância, mas a verdade é que o intervalo chegou a voar, com os adeptos a contestarem os escassos dois minutos de compensação. Nesta altura já era evidente a ausência de João Neves, a habitual ferramenta de Schmidt para desbloquear este tipo de situações.

Di María: não foi à primeira, foi à segunda

A tensão no estádio já era bem evidente ao intervalo, tanto no relvado, como nas bancadas, mas disparou para os píncaros no arranque da segunda parte, depois de um golo anulado a Di María. Advertido pelo VAR, o árbitro Gustavo Correia, sob uma enorme assobiadela, foi ver as imagens e acabou por assinalar um corte de João Mário com a mão no início da jogada. A Luz quase veio abaixo.

O Benfica reagiu e, finalmente, acelerou o jogo, mas também perdeu muitas bolas e permitiu também que o Boavista saísse a jogar. O jogo mudou súbita e drasticamente, agora bem mais aberto, agora com muitos mais espaços e o Boavista até teve uma oportunidade soberana para inaugurar o marcador. Tiago Morais lançou Bozenik para a área, Morato cortou e, já com Trubin batido, Aursnes impediu que esta chegasse à linha fatal.

Não marcou o Boavista, marcou logo a seguir o Boavista, de forma inesperada. Di María cruzou em arco da direita, João Mário não conseguiu chegar à bola, mas esta acabou por entrar junto ao segundo poste. A Luz respirou de alívio.

Ainda faltava quase meia-hora para o final do jogo, o Boavista não baixou os braços, mas o Benfica voltou a assumir as rédeas do jogo, com Schmidt a lançar sucessivamente Tomás Araújo, Marcos Leonardo e, já na ponta final, João Neves.

A tensão ainda voltou a subir, já no período de compensação, num livre favorável ao Boavista, mas Makouta atirou por cima. Na resposta, Di María arrancou em velocidade pela direita e ofereceu, de bandeja, o golo a Marcos Leonardo que marcou o seu segundo golo na Liga.

Três preciosos pontos que permitem começar a segunda volta melhor do que a primeira e, mais importante, manter a pressão sobre o Sporting, numa semana em que os dois rivais vão disputar a final four da Taça da Liga.