Um dérbi à 11ª jornada e tanto em jogo. O Benfica-Sporting deste domingo é um duelo entre duas equipas em momentos muitos diferentes. Os leões chegam em alta, isolados na frente da Liga, ainda invictos e a fazerem um dos melhores arranques de sempre. O Benfica está a três pontos, mas está sobretudo a atravessar uma crise de identidade e resultados, depois de uma semana marcada pela eliminação da Liga dos Campeões à quarta derrota em outros tantos jogos.

Aos resultados, o campeão nacional junta a indefinição quanto ao modelo de jogo, no meio da experiência com um sistema de três centrais cujas fragilidades a derrota com a Real Sociedad expôs. Do outro lado, o Sporting reergueu-se depois de uma época falhada e voltou ao melhor nível, àquele que já valeu o campeonato em 2021.

A jornada que aí vem tem muito a dizer nas contas da Liga, porque no sábado também há o V. Guimarães-FC Porto, o quinto contra o terceiro classificado, com os dragões nesta altura a seis pontos da liderança.

Posto tudo isto, dérbi é dérbi. O duelo eterno que vale por si, uma história centenária que se reescreve a cada jogo. Vem aí o dérbi número 90 em casa do Benfica para a Liga e o Maisfutebol olha para ele a partir de várias curiosidades, entre o presente e o passado.

Recorde de leão

28 pontos, apenas dois cedidos no empate com o Sp. Braga. É um recorde para o Sporting, que nunca teve tantos pontos à 10ª jornada desde que as vitórias passaram a valer três pontos, em 1995/96. É aliás historicamente raro na Liga –apenas aconteceu por cinco vezes, a última delas, curiosamente, na época passada, quando o Benfica já de Roger Schmidt chegou aqui nessa fasquia dos 28, tendo cedido apenas um empate, à 7ª ronda frente ao V. Guimarães. Antes, só o FC Porto o tinha conseguido, uma delas já com Sérgio Conceição, em 2017/18. Este é também o segundo melhor arranque do Sporting em 32 anos, atrás apenas de 1990/91, quando os leões, então orientados por Marinho Peres, venceram os primeiros 11 jogos do campeonato. O Sporting é a única equipa invicta da Liga por esta altura, numa campanha que representa uma diferença abissal para a época passada. Há um ano, os leões tinham menos nove pontos do que têm agora.

Benfica, crise para lá da Liga

Na Liga, o Benfica soma menos três pontos do que tinha na época passada por esta altura. Perdeu logo na primeira jornada com o Boavista e cedeu um empate com o Casa Pia na 9ª ronda. Mas esta é uma época bem diferente, com muitos sinais negativos para lá do campeonato. O Benfica venceu apenas dois dos últimos cinco jogos e já foi eliminado da Liga dos Campeões, depois de quatro derrotas em outros tantos encontros. Ao todo, já sofreu cinco derrotas nesta temporada, mais uma do que em toda a época anterior.

Sporting líder na Luz

Nos últimos 20 anos, o Sporting chegou por dez vezes à Luz em vantagem sobre o Benfica no campeonato. Mas apenas uma vez o tinha feito como líder isolado. Foi em 2020/21 e chegou já como campeão nacional, pelo que a derrota por 4-3 no dérbi não fez diferença nas contas. Na última dessas visitas, em 2021/22, dividia a liderança com o FC Porto e as águias estavam a um ponto de distância. O Sporting venceu por 3-1, quando ainda havia muito para jogar, num campeonato que seria ganho pelo FC Porto. Agora chega como líder isolado, com três pontos de vantagem pela primeira vez desde que as vitórias valem três pontos.

A única equipa que Schmidt não venceu na Liga

Na temporada passada, os dois dérbis para o campeonato terminaram com o mesmo resultado, 2-2. O empate da segunda volta, à 33ª jornada, adiou a festa do título do Benfica para a derradeira ronda e manteve o Sporting como a única equipa que Roger Schmidt ainda não venceu no campeonato nacional. Curiosamente, enquanto treinador do Bayer Leverkusen o alemão defrontou os leões para a Liga Europa, em 2015/16 e ganhou ambos os encontros. Já Rúben Amorim soma quatro vitórias em nove confrontos com o Benfica, uma delas quando treinava ainda o Sp. Braga. No banco do Sporting conta três vitórias (duas para a Liga e uma na final da Taça da Liga de 2022), dois empates e três derrotas.

Amorim à beira da vitória 100

Rúben Amorim está perto de um número redondo, que pode chegar já no dérbi, naquele que será um novo regresso do técnico àquela que foi durante anos a sua casa como jogador. O treinador do Sporting conta 132 jogos no campeonato nacional (nove deles no banco do Sp. Braga) e soma 99 vitórias, contra 21 empates e 12 derrotas. É uma percentagem de triunfos de 75 por cento. Os números de Roger Schmidt na Liga também são de elite. Em 44 jogos, o alemão soma 36 vitórias, quatro empates e quatro derrotas, o que corresponde a 81.8 por cento de triunfos.

O que diz o histórico

O Benfica-Sporting para a Liga é uma história com 89 jogos e claro ascendente das águias, que venceram 48 vezes em casa, contra 16 triunfos do Sporting e 25 empates. Mas o passado recente aponta para uma tendência de maior equilíbrio. Na última década houve quatro vitórias encarnadas e duas do Sporting – o triunfo por 3-1 em 2021/22 e antes disso a vitória por 3-0, com Jorge Jesus no banco dos leões, em 2015/16. Em absoluto, nos últimos cinco dérbis houve apenas uma vitória do Benfica, o 2-0 para a Liga em 2021/22, contra duas do Sporting, o 3-1 na Luz na primeira volta dessa época e o 2-1 que garantiu a conquista da Taça da Liga em janeiro de 2022.

Dérbi é sinónimo de golos

Dérbi que é dérbi tem golos, mesmo que acabe sem um vencedor. É uma tendência histórica que continua bem viva – os últimos dois confrontos acabaram empatados, mas marcaram-se quatro golos em cada um deles. É preciso recuar à temporada 2017/18 para encontrar um nulo entre Benfica e Sporting. Foi na penúltima jornada da Liga e foi um 0-0 com muito que contar, num duelo intenso em que estava em jogo o acesso à Liga dos Campeões. Seria o Benfica a garanti-lo na última ronda, quando o Sporting perdeu na visita ao Marítimo. Em 178 dérbis para a Liga marcaram-se 549 golos, o que dá uma média superior a três por jogo.

Os veteranos e o agente duplo

Rafa é o jogador dos atuais plantéis com mais dérbis, um total de 16, seguido de perto por Seba Coates, com 15. Um veterano para cada lado, num duelo que tem ainda o caso especial de João Mário. O médio já viveu dérbis dos dois lados. Soma 12 no total, sete deles pelo Sporting. Curiosamente, tem melhor saldo como jogador do Sporting, com quatro vitórias, um empate e duas derrotas, do que com a camisola do Benfica, contando apenas um triunfo, mais dois empates e duas derrotas. Na lista de jogadores com mais experiência em dérbis segue-se Angel Di María, que defrontou nove vezes o Sporting antes deste regresso, enquanto Pote e Nuno Santos, ambos com sete, completam o top. Rafa e Pote contam cada um com três golos em dérbis e lideram uma lista onde há oito jogadores com um golo: Nuno Santos, Paulinho, Chiquinho, Gonçalo Inácio, Trincão, Diomandé, Aursnes e João Neves.

O todo o terreno e os mais influentes

Entre 25 jogadores utilizados até agora por Roger Schmidt na Liga, Aursnes é o único que jogou todos os minutos. Além do norueguês que o treinador alemão já adaptou a várias posições, também Otamendi e Rafa foram titulares nos 10 jogos do campeonato, enquanto João Neves foi utilizado em todas as partidas, mas três vezes a sair do banco. No Sporting, Rúben Amorim utilizou 22 jogadores até aqui e apenas Adan jogou todos os minutos. É seguido de perto por Diomandé e Pedro Gonçalves, sempre titulares, e por Gonçalo Inácio, que também jogou em todas as partidas, mas começou um jogo como suplente. Gyokeres e Paulinho, com seis golos, são os melhores marcadores do Sporting. O avançado sueco soma ainda três assistências e é o jogador com maior influência direta em golos dos leões. No Benfica, esse estatuto é de Rafa, com três golos e quatro assistências, enquanto Di María é o melhor marcador, com cinco golos.