José Couceiro, treinador do Vitória de Setúbal, analisa a goleada sofrida na Luz (6-0), para a 12ª jornada da Liga:

«As coisas complicaram-se com a expulsão. Sofremos os dois primeiros golos em lances de bola parada. Depois tivemos a expulsão e o Benfica marca logo no início da segunda parte. Tivemos uma outra lesão, do Vasco, que teve uma lesão ligamentar mal entrou. As coisas correram todas mal, mas não foi por falta de empenho. É um momento difícil. Já o era anteriormente, como disse há mais de um mês. Este resultado é reflexo de tudo. É um resultado muito pesado. Também cometemos erros que normalmente não cometemos e acabámos por sair fortemente penalizados.»

[como se dá a volta a este momento? Sente-se com forças para o conseguir?] «Eu disse sempre, e continuo a dizer, que não serei parte do problema. O Vitória está acima de todos nós, e os interesses do Vitória estão sempre em primeiro lugar. Ou sou parte da solução ou não sou parte. Isso é relativamente simples. Essa questão já foi colocada há um mês, e de forma clara. Com as condições que temos, não é por falta de atitude dos jogadores. Obviamente que é um momento difícil. Não é por fazermos declarações públicas que se resolvem os problemas. Em termos pontuais estamos numa luta que era previsível. A eliminação da Taça, aqui…não é isso que abana a equipa. A Taça da liga não é o principal objetivo, mas estamos dento da competição. Obviamente que há medidas que têm de ser tomadas. A equipa tem de reagir, obviamente que sim. O objetivo primordial é aquele que todos conhecemos, não é nada que não seja conhecido, e obviamente que tem de se trabalhar nesse sentido, e tem de trabalhar toda a gente. Toda a gente tem de estar em sintonia e a puxar para o mesmo lado, para que as coisas sejam diferentes. Esse é o ponto fulcral. Perder por estes números é sempre muito penalizador, não há volta a dar. Não há que arranjar desculpas. As medidas têm de ser tomadas.»

[sobre a lesão de João Amaral, que saiu ao intervalo] «Condicionou o João, como condicionou depois o Vasco, que saiu logo. O Vasco é uma lesão ligamentar, vamos ver a gravidade. O João, em princípio, será recuperável, será apenas contratura, mas é cedo para fazer essa avaliação. Mas claro que condicionou, quando não tens os jogadores mais desequilibradores isso cria problemas. Mas a questão é muito mais ampla, passa por questões estruturais, e essas são fundamentais encarar de frente.»

[admite ter outra função neste Vitória?] «Não, de forma nenhuma. Essa questão nem sequer se coloca. Qualquer informação nas redes sociais torna-se notícia, torna-se um caso. O problema é visível, existe, mas não é para ser tratado publicamente, mas sim internamente. As responsabilidades são para ser assumidas. As nossas são, claramente. Não é por aí que a questão se vai esclarecer. Eu sou exclusivamente o treinador do Vitória.»

[admite colocar o lugar à disposição?] «O meu lugar está constantemente à disposição. Sempre esteve. Não tem a ver com a goleada. Desde o início que eu sou parte da solução ou não sou parte. Não há meio caminho, não há problema nenhum. Acima do Vitória nenhum de nós está. Isso nem se discute. Não terei outra função, isso é claro. Em relação à equipa, repito que serei sempre parte da solução e não do problema. Se for por aí, o problema está resolvido na hora, como estaria há um mês, quando essas questões foram todas colocadas. São outras questões que não temos de abordar aqui. É um resultado que deixa marcas, como é óbvio, e é um momento de frieza, e não para nos expormos aqui.»

[sente-se cansado, desgastado?] «É óbvio que nestas alturas, sim. É óbvio que é um choque passar por estas situações, uma pancada grande. É um momento crítico do Vitória, não é por falta de empenho e aplicação destes jogadores. Há questões muito mais profundas. Houve erros nossos, claramente, e o pior que se pode fazer é tapar o sol com uma peneira. As proporções que esta situação ganhou, obviamente que são pesadas. Todos os vitorianos sabem isso. Não é uma novidade. Estes são momentos em que a cabeça deve estar o mais fria possível. Depois deste jogo não é o melhor momento para pensarmos com frieza. Emocionalmente estamos sempre constrangidos. Vamos ser serenos. O que for melhor para o Vitória, será o que tem de ser feito.»