Benfica e Sp. Braga voltam a defrontar-se esta segunda-feira (20h00), na Luz, para o jogo grande que encerra a 5.ª jornada da Liga.

Na última vez que o campeão nacional e o vencedor da Taça de Portugal se encontraram, há cerca de um mês e meio na decisão da Supertaça, no jogo que abriu a temporada (e que as águias venceram por 3-0), Rafa Silva ainda representava a equipa arsenalista e ainda não se tinha tornado na contratação mais sonante do defeso.

Agora, o extremo internacional português de 23 anos não vai defrontar a sua antiga equipa, já que por estar lesionado não é opção para Rui Vitória no Benfica. Ainda assim, aquela que foi a transferência mais cara de sempre entre clubes portugueses, no valor de 16,4 milhões de euros, é um dos motes para uma abordagem sobre do duelo que tem quase moldes de clássico.

António Salvador e Luís Filipe Vieira levam quase o mesmo tempo à frente dos dois clubes. O empresário da construção civil minhoto tornou-se presidente do Sp. Braga em fevereiro de 2003 e Vieira tornar-se-ia seu homólogo nos encarnados em outubro desse ano.

Ainda assim, a «balança comercial» entre a Luz e a Pedreira demorou até começar a funcionar.

Desde os primeiros tempos de Salvador em Braga que o parceiro principal nas cedências e empréstimos foi o FC Porto. No entanto, ao longo do tempo, o Benfica foi ganhando preponderância e nos últimos anos e dois dos raros alvos que Vieira conseguiu desviar das garras de um dragão que foi sendo mais voraz na abordagem ao mercado durante anos vieram de Braga: Lima, em 2012/13, e agora Rafa Silva.

Os dois clubes que, em diferentes patamares, se tornaram principais parceiros no mercado nacional do «superagente» Jorge Mendes foram-se aproximando nos tempos mais recentes, a tal ponto que é possível estabelecer um padrão nos negócios entre si.

Djavan foi o único investimento bracarense

Nestes cerca de 13 anos da era Salvador-Vieira sete jogadores rumaram de Braga para Lisboa. Em sentido contrário, seguiram onze jogadores.

Nessas mais de duas mãos cheias de reforços Salvador gastou quase nada. O único reforço contratado ao Benfica por um valor significativo foi Djavan, que faz parte do plantel atual de José Peseiro, onde estão os ex-benfiquistas Rui Fonte e Benítez, cedidos a título definitivo e por empréstimo, respetivamente, no negócio de Rafa.

Em agosto de 2014, Djavan custou um milhão de euros por 60 por cento do passe aos cofres da SAD arsenalista, porém, os restantes jogadores provenientes da Luz foram cedidos por empréstimo ou chegaram em final de contrato. Ou seja, chegaram a «custo zero».

Isso quer dizer que o Sp. Braga ficou a ganhar na relação de mercado que teve com o Benfica? Não propriamente…

É verdade que os bracarenses quase não investiram nas contratações de ex-benfiquistas, mas também é um facto que esses faziam quase sempre parte da lista dispensáveis na Luz e em Braga não foram muitos os que fizeram carreira.

Rafa: a fatia de leão num bolo de 23 milhões

Por seu lado, o Benfica contratou em Braga apenas sete jogadores desde que Vieira é presidente e na grande maioria das vezes pagou pela transferência. A fatia de leão dos quase 23 milhões de euros investidos pelas águias corresponde precisamente ao negócio de Rafa, cobiçado por FC Porto e ainda por Sporting.

Ao longo dos tempos, foram raras as compras na capital minhota que se podem chamar de maus negócios. A primeira venda de Salvador para o Benfica foi Quim por 1,4 milhões de euros. A verdade é que o guarda-redes, que voltaria a Braga (a custo zero, lá está) sete épocas depois, seria uma peça importante logo na sua primeira época na conquista do campeonato de 2004/05.

Tal como o foi, embora com menor preponderância, no título encarnado de 2009/10 César Peixoto, o único reforço que Jorge Jesus levou consigo quando trocou de banco. Ou sobretudo Lima, avançado brasileiro que chegou a troco de quatro milhões de euros em 2012/13 e foi determinante para o bicampeonato do Benfica em 2013/14 e 2014/15.

Já neste defeso, enquanto Benítez e Rui Fonte seguiam para Lisboa, do Minho para a capital registaram-se a sonante e dispendiosa contratação de Rafa e a estranha, porque inédita, cedência do médio-defensivo brasileiro Danilo Barbosa, que é representado pela Gestifute de Jorge Mendes.

Esta época ajudará a perceber ainda melhor quem fica a ganhar na balança comercial entre a Luz e a Pedreira.

DA PEDREIRA PARA A LUZ

Quim 2004/05 1,4 M€
Luís Filipe 2007/08 0,5 M€
César Peixoto 2009/10 0,4 M€
Artur Moraes 2011/12 Custo zero
Lima 2012/13 4 M€
Danilo 2016/17 Empréstimo
Rafa Silva 2016/17 16,4 M€

DA LUZ PARA A PEDREIRA

Marcel 2006/07 Empréstimo
Jaílson 2007/08 Empréstimo
Miguelito 2007/08 Custo zero
Quim 2010/11 Custo zero
Nuno Gomes 2011/12 Custo zero
Michel 2012/13 Empréstimo
Hugo Vieira 2013/14 Empréstimo
Djavan 2014/15 1 M€
Dolly Menga 2014/15 Não divulgado
Rui Fonte 2015/16 Empréstimo*
Óscar Benítez 2016/17 Empréstimo**

*Cedido em definitivo na época 2016/17

**Emprestado como «moeda de troca» no negócio Rafa Silva