Na conferência de imprensa de antevisão da visita ao Moreirense, Rui Vitória foi confrontado com as declarações de Sérgio Conceição, que algumas horas lhe tinha deixado uma “indireta”, a propósito das críticas do treinador do Benfica à arbitragem do dérbi com o Sporting.

«Pode não ser diretamente para mim [a declaração do técnico do FC Porto], mas não tenho problemas em falar disso. Não vou comentar o que disse o Sérgio, como se calhar ele não comenta as minhas palavras», começou por dizer.

«Não sou nenhuma criança, nem sou tonto. E se tenho uma conversa penso que o nível de inteligência é elevado. O que abordei no final do jogo foi a defender o Benfica, e a minha parte, mas como agente que está a viver no terreno esta nova realidade. Alguém que está a sentir permanentemente esta questão, alguém que pode colaborar. Nós, que vivemos isto no dia a dia, temos uma opinião com outra sensibilidade. É como dizer a alguém que vai ser operado que não vai custar nada. É fácil no corpo dos outros», acrescentou Rui Vitória, antes de centrar-se na questão que levanta relativamente ao VAR.

«Não tenho nada contra o Hugo Miguel, o Tiago Martins, o Fábio Veríssimo, o Jorge Sousa ou quem quer que seja…O Hugo Miguel e o Tiago Martins já me expulsaram, e se calhar bem. Fizeram o seu papel. Referi-me aos árbitros por causa dos lances, e porque às vezes é giro ver se tomam a mesma decisão três ou quatro meses depois. O grande problema é que surge um lance rápido e o árbitro até pensa que é penálti, mas está uma pessoa lá em cima a ver e o árbitro deixa correr. Quem está lá em cima tem um protocolo para cumprir. O problema é que a decisão do árbitro é uma indecisão. E ficamos numa zona cinzenta. Esta decisão tem de ser do árbitro, mas em consciência total», explicou o treinador do Benfica.

Rui Vitória diz mesmo que «se Hugo Miguel tivesse visto os lances na televisão, se calhar tinha marcado um ou dois daqueles lances». «A decisão foi do árbitro ou do vídeoárbitro? A lei diz que tem de ser do árbitro, mas a ideia que fica é que foi o vídeoárbitro», complementou.

O técnico diz que é este problema da «zona cinzenta» que é preciso resolver, até porque «há árbitros que até pela intuição percebem logo que é falta». «Se a bola do Coentrão fosse na cara não ficava lá o símbolo da Nike na cara, ou ele não ficava no chão dois ou três minutos? Uma bola a um metro, com aquela velocidade. Se o árbitro tivesse decidido por si, se calhar marcava penálti. Ninguém fica em pé num lance daqueles», conclui.