Quatro pontapés na crise e o fim de um ciclo negativo que durava desde 13 de agosto. Foi longa a espera, mas por fim, o Arouca voltou a ganhar na Liga e logo com um resultado expressivo (0-4) frente ao Boavista, uma das boas equipas da prova.

Apesar da goleada no Bessa, os arouquenses continuam no último lugar. No entanto, os sinais positivos ninguém os pode apagar. O som do estalar do chicote, leia-se, a saída de Daniel Ramos e a chegada de Daniel Sousa está a surtir efeitos. Depois de bater os axadrezados nos penáltis, na Taça, o conjunto da Serra da Freita volta a sorrir.

A vitória do Arouca, numa noite fria e chuvosa na Invicta, teve três protagonistas espanhóis: Cristo, acima de todos, Mújica e Jason. O primeiro beneficiou de um erro crasso de Chidozie para marcar o primeiro golo do jogo logo aos dois minutos.

Os axadrezados estiveram irreconhecíveis. Foram uma equipa sem chama, pouco agressiva e muitas vezes, desligada. Sintomas de uma formação que não vive um período fácil – não ganha desde 22 de outubro.

O Arouca estava claramente por cima. Depois de João Gonçalves ter impedido de forma fantástica o golo de Jason, nada pôde fazer perante o remate em arco de Cristo González (23m). Sem surpresas, os arouquenses colocaram-se numa posição de conforto no marcador.

O Boavista procurou reagir, mas os golpes aplicados pelo oponente foram demasiado duros. Porém, a pantera não se retraiu e tentou colocar as garras de fora. No entanto, Martim Tavares não aproveitou a «oferta» de De Arruabarrena e permitiu a redenção do uruguaio.

O Arouca limitou-se a recuar e a sair em transição. Depois de ter ameaçado num par de ocasiões, Mújica não falhou à terceira. O espanhol passou em velocidade por Filipe Ferreira – incrível a forma como foi batido em corrida – e driblou João Gonçalves antes de atirar para o 0-3 e deixar o Bessa em choque.

A segunda metade começou com um lance insólito. Milovanov sentou-se duas vezes no relvado a pedir assistência médica, o árbitro não atendeu os pedidos do defesa do Arouca e expulsou-o por entender que este estava a perder tempo.

Embora tenha estado em vantagem numérica praticamente toda a segunda parte, o Boavista nunca pareceu capaz de ameaçar uma reviravolta. Nem perto disso, sublinhe-se. Faltavam ideias, frescura mental, enfim.

Os axadrezados vivem um momento delicado em termos de resultados e o lance que deu o 0-4 foi sintomático. De um lançamento de linha lateral a meio-campo, nasceu o golo de Jason. Bukia escapou em velocidade pela direita e serviu de bandeja o espanhol para mais um golo.

Triunfo indiscutível do Arouca que «desligou» nos minutos finais e poderia (quiçá devia) ter sofrido. Bozeník teve nos pés o golo de honra da pantera, mas perdeu o duelo direto com De Arruabarrena. No último suspiro, Tiago Morais foi expulso por simulação na área no entender da equipa de arbitragem.

Enfim, a crónica de uma noite de sonho para o Arouca e de pesadelo para o Boavista.