Jorge Simão, treinador do Boavista, depois da derrota no Estádio de Alvalade, diante do Sporting (0-1), em jogo da 31ª jornada da Liga:

[Resultado justo? Não faltou agressividade ao Boavista?]

- Em relação à justiça do resultado, quando uma equipa faz um golo e a outra não faz… Vou repetir o mesmo que disse na flash. Vou tocar em dois pontos. Primeiro, quero valorizar o que os nossos jogadores fizerem aqui, numa exibição em crescendo, especialmente na segunda parte onde fomos muito mais pressionantes. Conseguimos recuperar mais bolas, conseguimos ser mais agressivos e, a partir daí, sair com mais qualidade para a organização ofensiva. Mesmo sem criar claríssimas oportunidades de golo, conseguimos chegar várias vezes à área do Sporting e provocar sobressaltos. Por outro lado, é aquilo que eu e os jogadores sentimos, que tem a ver com algumas decisões da equipa de arbitragem. Tenho um grande respeito pelo Fábio Veríssimo, tem feito uma grande carreira, mas hoje não teve um dia feliz. Teve muitas decisões que nos provocaram um sentimento de injustiça e revolta. Isto tem a ver com uma dualidade de critérios enormes. Foram seis amarelos, que se calhar, em situações muito próximas, a equipa adversária não era advertida dessa forma. Depois o penalti que acaba por determinar o resultado. No primeiro treino desta semana, este foi um assunto que abordei com os jogadores. O assunto de bola na mão ou mão na bola. No jogo anterior tivemos vários lances com jogadores a defender com os braços atrás das costas. Pedi que não o fizessem porque isso retira mobilidade aos jogadores. Sofremos um golo assim diante do Chaves. Segundo as indicações que os árbitros nos têm dado é para jogarmos normalmente, não com os braços atrás. Lances com a bola não mão, a um metro e meio, é humanamente impossível ao jogador tirar a mão. A ciência vai provar isto que eu estou a dizer, se já não o fez. Quero perceber qual é o procedimento dos árbitros. Se vão continuar a marcar penalties tenho de instruir os meus jogadores para jogarem com as mãos atrás das costas. Já tivemos outros lances no campeonato, de bola na mão, que não foram sancionados. É preciso uniformizar os procedimentos. Esta semana disse-lhes, tirem os braços de trás das costas. E agora acontece-nos este lance. Que instrução devo dar aos meus jogadores. Não quero deixar escapar palavras de elogio a este Boavista de 2017/18 que tem feito coisas muito melhores. Não é só uma equipa agressiva que defende com um bloco baixo. Marcar golos contra uma equipa do distrital com dez jogadores dentro da área é difícil, mas isso não é organização defensiva. Somos uma equipa que vai somando pontos, temos 38, procuramos fazer a melhor campanha desde que subimos e, ao mesmo tempo, com um estilo de jogo que seja atrativo para os nossos adeptos. Quero que olhem de olhos ver para o que o Boavista tem andado a fazer.

[Sete jogos consecutivos sem marcar fora de casa. Existe uma diferença entre um Boavista em casa e fora de casa?]

- A questão dos jogos em casa e fora tem de ser desmistificada. Não há dois campeonatos. Se me disserem vais perder os jogos todos fora e ganhas todos em casa, são 51 pontos. Onde é que eu assino? Não podemos olhar para os jogos assim, não quero saber onde é que conseguimos os pontos. Temos 38 pontos e temos possibilidades de aumentar esta marca. Na sequência destes jogos fora o único que foi mau foi o das Aves, os outros todos tiveram a sua história. Não existe um padrão para os jogos em casa e jogos fora. Nesta reta final o que tem acontecido é que no percurso do campeonato quase que nos associavam uma candidatura à Liga Europa. Nunca foi um objetivo, mas não é por falta de ambição. A minha função é ajudar para que o clube vá nesse sentido.

[Rui Pedro não podia ter entrado mais cedo?]

- As substituições foram feitas no timing certo. Com o resultado na margem mínima era importante levarmos o jogo para um ponto em que pudéssemos lutar por um ponto. Se nos expusemos demasiado podíamos comprometer a oportunidade de chegar lá. Conseguimos aproximar-nos da área do Sporting, mas não foi o suficiente para marcarmos um golo.

[O que se pode fazer para atenuar a diferença entre os grandes e os pequenos?]

- Não consigo responder a isso. Acho que é extremamente importante no final do campeonato olharmos para classificação e perceber que existe uma diferença abismal com os quatro primeiros separados de todos os outros com quase trinta pontos de vantagem. Isso dá que pensar. É este o futebol que queremos? Ter uma classe rica, abastada, não haver classe média e todos os outros são muito mais pobres? É preciso aumentar a competitividade do futebol em Portugal.