Jorge Simão, treinador do Boavista, com uma analogia curiosa, na análise ao jogo em que a sua equipa empatou 3-3, em casa, com o Desp. Chaves.

«Sofremos dois golos, quando estávamos numa fase do jogo em que, depois de termos feito o 3-1, tinha de fechar a loja, ou seja, teríamos de recorrer a todas as ferramentas que estivessem ao nosso alcance para fechar a loja e controlar claramente o jogo. E não é que não tenhamos tido esse controlo, só que permitimos oportunidades de golo com remates à entrada da área. Mas esses últimos dez minutos não devem servir para descrever o que foi a história do jogo. Há uma primeira parte fantástica da nossa parte, julgo até que foram os melhores momentos de jogo que eu vivi à frente desta equipa. Acho que o resultado ao intervalo acaba por ser muito curto para aquilo que fizemos. Muito curto mesmo, porque criámos mais e melhores oportunidades do que o Desp. Chaves. 

Na 2.ª parte, fizemos aquilo que tínhamos de fazer, lembro-me da bola na barra e de outras situações claras com possibilidade de fazer golo, até que entrámos nesses últimos dez minutos. Compreendo a desolação dos nossos adeptos e jogadores, mas prefiro olhar para isto com um momento de aprendizagem e crescimento para que, em situações semelhantes, consigamos controlar melhor essa fase do jogo. E quero elogiar a coragem e a qualidade destes jogadores no restante tempo de jogo.»

[porque é que a equipa não conseguiu controlar o jogo nos últimos minutos?]

«Há também mérito do adversário. Nós trabalhamos muito o nosso processo, que é quase como tocar violino, com um som limpo e fino. E treinamos menos vezes a tocar bombo. E há fases do jogo em que se calhar tínhamos de tocar o bombo. Por isso é que digo que é uma oportunidade de crescimento. 

[tinha previsto um jogo empolgante. surpreendeu a ponta final do adversário?]

«Achei empolgantes foram os 80 minutos anteriores. Já quase consigo adivinhar que as crónicas vão resumir o jogo aos últimos dez minutos, mas peguem nos outros 80 e vejam com olhos de ver. Deu-me muito prazer conduzir esta equipa neste jogo, os jogadores sentiram prazer nele porque estava do lado um adversário que também se preocupou em jogar futebol positivo. Acho que foi um belíssimo jogo. Este jogo deu-me muito prazer porque jogou-se futebol no seu estado puro. Jogou-se bom futebol. Isso não pode passar em claro para se ligar apenas à frustração de não termos somado os três pontos. O resultado acaba por se resumir em pontos para ambas, mas acho que o que tem de se valorizar é que houve duas boas equipas com bom futebol.»