O barco do dragão chegou a bom porto, uma vez mais, mas nesta viagem à beira-Tejo andou excessivamente em ritmo de cruzeiro e arriscou deixar-se apanhar por uma caravela que iniciou a viagem com dois furos no convés e acabou por pagar por isso, pese embora a boa reação posterior.

A diferença final foi mais curta do que se chegou a pensar, mas ainda assim o FC Porto somou o terceiro triunfo consecutivo na Liga (e o terceiro triunfo consecutivo na zona de Lisboa), e atirou a pressão para os rivais nesta regata pelo título.

Aos 19 minutos a equipa de José Peseiro parecia ter já a vitória assegurada, mesmo sem precisar de acelerar muito. Bastou aproveitar os erros infantis da equipa de casa, punida não pela forma arrojada como tentou sempre sair a jogar, mas sim por evidente fragilidade defensiva.

Perspicaz a aproveitar um ressalto na área e a falha na cobertura aos centrais do Belenenses, Brahimi deu vantagem ao FC Porto quando estavam cumpridos apenas nove minutos. A equipa da casa ainda esboçou uma reação, com um remate de Strurgeon, mas ao minuto 19 voltou a meter água, com Tonel a cabecear para a própria baliza após cruzamento de Maxi.

Sem conseguir contornar a pressão alta do FC Porto, e muito intraquilo a nível defensiva, o Belenenses parecia incapaz de contrariar a maré. Ainda que Carlos Martins tenha atirado ao poste à passagem da meia-hora, de livre direto.

Logo a seguir Brahimi voltou a aparecer com perigo à entrada da área (30m), mas ainda antes do intervalo o Belenenses procurou relançar o jogo, embora sem sucesso, através de duas ocasiões de Juanto.

Velázquez tapou os buracos

Ao intervalo Júlio Velázquez prescindiu de Tonel e lançou Miguel Rosa, o que permitiu ao Belenenses melhorar sobretudo a meio-campo, onde Bakic, que começou à esquerda, juntou-se a Aguilar e Carlos Martins.

Recuado para central, Rúben Pinto começou por revelar alguma desorientação nos minutos iniciais da etapa complementar, ao deixar logo fugir Suk, que no entanto viu Ventura negar-lhe o golo.

Mas as melhorias do Belenenses ficaram confirmadas pouco depois, quando Juanto aproveitou um cruzamento atrasado de Geraldes e reduziu a diferença no marcador.

O FC Porto respondeu com um remate em esforço de Herrera, após cruzamento de Corona, mas estava definitivamente embalado pela velocidade de cruzeiro e não mais conseguiu despertar. A má entrada de Marega não ajudou, com Evandro depois também a não conseguir agitar, pelo que foi preciso Iker Casillas aplicar-se para segurar a vantagem portista, perante remates perigosos de Miguel Rosa (71m) e Geraldes (72m).

Velázquez ainda lançou Tiago Caeiro, o homem que afastou o FC Porto do título na época passada, mas a última oportunidade do jogo pertenceu a Bakic, com um remate de fora da área que ficou perto de premiar a boa segunda parte da equipa da casa.

O FC Porto encostou-se demasiado à vantagem alcançada na fase inicial do encontro mas acabou por garantir o triunfo, atirando assim a pressão para os rivais de Lisboa, que jogam na segunda-feira e que depois se defrontam na próxima jornada. A equipa de José Peseiro pode tirar proveito desse dérbi, embora no dia seguinte tenha uma difícil deslocação a Braga.