O leão ruge na liderança isolada da Liga, depois de vencer um clássico tenso, quente e incerto até final com um dragão a esbater a supremacia verde e branca da temporada passada, mas ainda com erros defensivos que lhe custaram a queda para o quarto lugar. Alvalade abanou no início, mas os processos de Jorge Jesus são firmes e estão mais assimilados do que os dos rivais, neste momento, e apoiaram-se, neste domingo, em dois nomes: Ruben Semedo e Bruno César, com golos do inevitável Slimani e de Gelson Martins.

O FC Porto entrou melhor, com o meio-campo leonino sem conseguir responder, fruto dessa maior intensidade azul e branca, que redundou num golo de Felipe após bola parada. Danilo, Herrera e sobretudo André André conseguiram empurrar os dragões para perto da área leonina.

A reação do Sporting foi boa. Primeiro com vontade, com os jogadores a perceberem, por fim, que estavam perante um grande rival e, depois, com Bruno César. O chuta-chuta foi muito mais passa-passa neste domingo, esteve na origem da reviravolta e foi com ele ao meio que o leão equilibrou-se por fim, na parte final do primeiro tempo.

O golo de Felipe resultara de uma falha de Bryan Ruiz, o 1-1 de uma desatenção da defesa portista, que ficou a reclamar mão de Gelson Martins, após bola no poste de Bruno César, e com Slimani a confirmar o gosto que tem de marcar ao dragão. Se o FC Porto superiorizara-se na fase inicial, o leão passou as mãos pelo rosto e inverteu a tendência: a confirmá-lo, o 2-1, com um cruzamento de Bruno César na origem e Bryan Ruiz a assistir Gelson, após mau corte de Felipe. O FC Porto ainda tem defeitos neste capítulo, tanto na bola parada, como individualmente.

E porque é que o Sporting melhorou? Jesus mandou B. Ruiz trocar com Bruno César e, a partir daí, os leões foram mais pressionantes. O camisola 11 encontrou várias vezes solução para dar seguimento à posse de bola e a partir da meia-hora, logo após um remate ao poste de André André, o Sporting estabilizou, o que obrigou o FC Porto a jogar na profundidade, sempre à procura das costas da defesa contrária. Aí, outro nome sublinhado no Clássico: Ruben Semedo. Numa altura em que o Sporting contratou Douglas, o central português deu um sinal de maturidade e afirmação. O Clássico ia para o intervalo com vantagem leonina, em 45 minutos em que o empate seria mais lógico pela alternância de supremacia, apesar do pequeno ascendente leonino no final.

Oliver Torres voltou ao FC Porto no segundo tempo, começou na direita, mas rapidamente passou a aparecer no meio: os portistas precisavam de ter mais qualidade no tratamento da bola e nisso o médio espanhol é perito. Ainda assim, demorou até que o FC Porto voltasse a ter um período de superioridade. Um cartão amarelo a William irritou as bancadas de Alvalade, mas teve o condão de aquecer o ambiente e acordar os portistas.

Houve uma sucessão de jogadas de perigo, sem que houvesse oportunidades claras de golo, curiosamente numa altura em que Bruno César saíra do meio de novo e Jesus colocara Bruno Paulista em campo para tentar controlar ainda mais o encontro.

Já com Óliver perfeitamente metido no miolo portista, o FC Porto foi à procura do empate, com Depoitre na frente, e chegou próximo de Patrício.

Abriu espaços atrás, porém, e o jogo ficou sem controlo, com o leão a responder do lado contrário, até que o apito de Tiago Martins ditou uma sentença que, pela maior estabilidade leonina apresentada na maior parte do tempo e pela eficácia, se pode dizer que é justa: o leão cravou as garras na liderança da Liga.