O Tondela foi mesmo por estradas sinuosas, mas tirou uma grande pedra do seu caminho, e alcançou a segunda vitória caseira consecutiva. Os beirões escolheram um atalho difícil, estiveram a perder por dois golos de diferença, mas alcançaram mesmo o trilho dos triunfos que tanto pretendiam.

O Boavista é que fica com uma pedra no sapato, pela vantagem que desperdiçou, e que deixa o adversário deste sábado a apenas um ponto de si na classificação.

Mérito para Pepa, que mexeu muito bem na equipa e viu dois jogadores suplentes a assumirem papéis de destaque numa reviravolta "à Tondela", que aconteceu em menos de dez minutos.

Promessas de golos por cumprir

Numa primeira parte de futebol positivo e várias oportunidades de golo para ambas as equipas, faltaram apenas os golos a dar cor ao marcador.

O Tondela entrou mais autoritário e a querer chegar à vantagem cedo, desperdiçou duas boas ocasiões de golo, ambas por Pedro Nuno. Na primeira, logo no primeiro minuto, o médio criativo surgiu a cabecear no interior da área para excelente intervenção de Vágner. E depois, aos 14 minutos, em boa posição para finalizar, rematou cruzado muito ao lado.

Com o tempo o Boavista começou a crescer na partida e equilibrar até nas oportunidades de golo, ficando perto de marcar duas vezes dentro do minuto 19.

Primeiro foi Rossi a obrigar Cláudio Ramos a uma defesa muito difícil para canto, do qual surgiria a melhor ocasião de golo. Idris subiu mais do que toda a gente no interior da área do Tondela, mas o seu cabeceamento embateu no poste e nem na recarga o senegalês conseguiu inaugurar o marcador.

O Tondela mostrava dificuldades em chegar ao último terço do terreno, com os “axadrezados” a cerrarem todos os caminhos para a baliza de Vágner, e seria a equipa da casa a voltar a estar muito perto do golo, por Sparagna.

Aliás, o defesa francês ainda deve estar a tentar perceber o que aconteceu naquele minuto 27, quando, após canto da direita, só precisava de encostar, mas enrolou-se com a bola e acabou por impedir que ela entrasse na baliza de um atónito Cláudio Ramos, e para desespero dos adeptos do Boavista que, ali a poucos metros, ainda gritaram golo.

Nada feito, porém, para as intenções dos boavisteiros, ou para os bons dez minutos finais do Tondela, que voltou a tentar desfazer o nulo, mas voltou a esbarrar na ineficácia dos seus homens da frente.

Era um extra de emoção para o jogo, por favor!

Na segunda parte, voltou a ser a equipa da casa a entrar melhor e a estar perto do golo, aos 53', quando Murilo, Osorio e Miguel Cardoso, à vez, num lance muito confuso, não conseguiram acertar com a baliza de Vágner.

A partir daí veio a emoção em forma de golos. Rossi deu vantagem ao Boavista aos 63' e cinco minutos depois, Fábio Espinho dilatou a vantagem.

O médio boavisteiro permitiu a defesa de Cláudio Ramos na transformação de uma grande penalidade a castigar falta de Ricardo Costa sobre Yusupha, mas marcou na recarga o golo que parecia ser o da tranquilidade.

Só que o Tondela parece gostar de desafios que aparentam ser impossíveis. As provas disso no seu historial na I Liga sucedem-se, e neste sábado surgiu mais uma.

Pepa mexeu na equipa ainda antes da marcação da grande penalidade, colocando Heliardo ao lado de Tomané e abdicando de lateral David Bruno, para colocar Tyler Boyd na frente, fazendo recuar Miguel Cardoso.

E a receita não demorou a fazer efeito. O extremo neo-zelandês conquistou uma grande penalidade que Murilo aproveitou para reduzir a desvantagem (77') e um minuto depois, Heliardo asssitiu Tomané, para o golo do empate.

As gentes de Tondela galvanizaram-se, os homens de Pepa foram na corrente e, num filme que parece repetido na cidade beirã, a reviravolta aconteceu mesmo, quase no último suspiro, aos 85 minutos, quando Murilo bisou e deu a vitória aos auriverdes que, com 12 pontos, respiram fundo. 

Será isto o vislumbre da «estrada limpa» que Pepa afirmara procurar para que o caminho da permanência seja «menos sinuoso»?