A história tem quase 30 anos e sobrevive ao avançar dos dias. Faz sentido. Afinal, este é o resumo da única vitória do Desportivo de Chaves sobre o FC Porto em jogos para a I Divisão. O dragão sofre muito em Trás-os-Montes, mas costuma de lá sair com vida.
A exceção é esta. Dezembro de 1988, o FC Porto acabado de despedir Quinito e a recuperar o rei Artur Jorge. Uma equipa em crise no campeonato, um ano depois de conquistar a Europa (Viena) e o Mundo (Tóquio).
O Desportivo de Chaves passeia pelo campeonato a sua melhor equipa de sempre. O génio de Radi, o talento de Slavkov, a fibra transmontana de Diamantino e Gilberto. Para lá do Marão…
2-0 no fim dos 90 minutos, golos de Radi, claro, e Gilberto. O Maisfutebol revisita essa tarde fria de inverno, ali bem perto do Natal, para projetar o próximo Desportivo de Chaves-FC Porto, agendado para as 16 horas de domingo.
Convidados? Os marcadores dos golos. Primeiro, Radi, que já foi nosso convidado na rubrica DESTINO: 80s. «Fiz nesse jogo contra o FC Porto uma coisa rara: um golo de cabeça», recorda o extraordinário búlgaro, senhor de 178 centímetros e uma qualidade imensa.
«Há um cruzamento na esquerda e eu surpreendi os gigantes do Porto [Geraldão e Kongolo]. Marcámos muito cedo e depois foi aguentar.»
O Desportivo de Chaves aguenta, aguenta até ao limite. Gilberto confirma.
«Foi o maior massacre que levámos em Chaves. O maior massacre da minha vida e mesmo assim matámos o FC Porto. Eles acabaram com cinco ou seis avançados [quatro na verdade: Gomes, Águas, Madjer e Everton], a carregar sobre nós, mas o Padrão também estava inspirado. Defendeu tudo.»
Gilberto acaba com todas as dúvidas aos 66 minutos. «Fiz um chapéu ao Kongolo, que não era muito rápido, e rematei sem hipóteses para o Zé Beto. Até ao fim ainda tivemos mais duas hipóteses para marcar, porque o FC Porto ficou desesperado.»
E Radi, o que mais diz desse jogo? «O Chaves era muito forte em casa. O estádio estava sempre cheio e os grandes de Portugal sofriam muito lá, principalmente o Sporting. Nesse dia contra o Porto… tivemos sorte, admito. Mas fizemos grande jogo.»
Em 14 visitas ao Municipal flaviense para a I Liga, o FC Porto venceu 12 vezes, empatou uma e perdeu em 1988. O que esperar da próxima visita? Radi e Gilberto respondem da mesma maneira.
«O Chaves está bem e o jogo será equilibrado. O FC Porto passa sempre dificuldades, mas costuma vencer, de uma forma ou de outra. Vai ser um grande jogo.»
RESUMO DA ÚNICA VITÓRIA DO CHAVES:
FICHA DE JOGO:
Árbitro: Veiga Trigo
DESP. CHAVES: Padrão; Vicente, Filgueira, Jorginho e Cerqueira; Diamantino, Gilberto, Luís Saura (Eurico, 64) e David; Radi e Slavkov (Erasmo, 54).
Não utilizados: Tavares (GR), Celso Maciel e César.
Treinador: João Fonseca
FC PORTO: Zé Beto; João Pinto, Kongolo, Geraldão (Bandeirinha, 85) e Branco; Jaime Pacheco (Everton, 70), André e Sousa; Fernando Gomes, Rui Águas e Madjer.
Não utilizados: Vítor Baía (GR), Dito e Semedo.
Treinador: Artur Jorge
Golos: Radi (4 minutos) e Gilberto (66)
HISTÓRICO DO DESP. CHAVES-FC PORTO:
1985/86. Desp. Chaves-FC Porto, 0-2
1986/87. Desp. Chaves-FC Porto, 1-2
1987/88. Desp. Chaves-FC Porto, 0-1
1988/89. Desp. Chaves-FC Porto, 2-0
1989/90. Desp. Chaves-FC Porto, 1-2
1990/91. Desp. Chaves-FC Porto, 1-2
1991/92. Desp. Chaves-FC Porto, 0-1
1992/93. Desp. Chaves-FC Porto, 1-2
1994/95. Desp. Chaves-FC Porto, 0-4
1995/96. Desp. Chaves-FC Porto, 2-3
1996/97. Desp. Chaves-FC Porto, 2-4
1997/98. Desp. Chaves-FC Porto, 2-2
1998/99. Desp. Chaves-FC Porto, 0-4
2016/17. Desp. Chaves-FC Porto, 0-2