Chegou de cambalhota a primeira vitória do Desportivo das Aves no regresso ao convívio com os grandes do futebol português. Depois de quatro jornadas sem vencer, o conjunto de Ricardo Soares somou os três pontos na receção ao Belenenses (2-1), vencendo com golos de Salvador Agra e de Ryan Gauld.

Como diria Quinito, «jogo entretido» nas Aves, com o Belenenses a entrar melhor, a permitir uma reviravolta com base na crença da equipa da casa e pelo meio quatro bolas nos ferros, três para o Belenenses e uma para o Aves. Com mais coração do que cabeça o Aves lá conseguiu segurar os preciosos três pontos.

Sentindo a responsabilidade do jogo e o facto de ainda não ter vencido qualquer um dos cinco jogos oficiais já disputados, Ricardo Soares operou uma revolução na equipa operando seis alterações comparativamente com a derrota no Bessa. Destaque para a estreia de Quim na baliza, aos 41 anos, quatro anos depois do último jogo na Liga.

Susto inicial

Para além do veterano guarda-redes estrearam-se ainda Rodrigo Defendi na defesa e Gonçalo Santos no meio campo. Situação diferente da do Belenenses, com Domingos Paciência a fazer apenas duas alterações, promovendo a estreia de Bouba Saré no miolo.

Mais rotinada, a turma de Belém entrou melhor no jogo. Com processos simples e claramente mais entrosamento entre setores, com relativa facilidade o Belenenses chegava junto da área de Quim. Em contraste, o Desportivo das Aves sentia muitas dificuldades para articular jogo, vivendo sobretudo de rasgos individuais, aparecendo Salvador Agra à cabeça a assumir as despesas.

Aos 26 minutos o Belenenses adiantou-se no marcador, já depois de ter visto Baldé atirar uma bola ao ferro da sua própria baliza na tentativa de atrasar de peito para Quim. No lance do golo o poste abanou novamente, Saré fez um primeiro cabeceamento a obrigar Quim a defender para a trave e foi o central Nuno Tomás a aparecer para fazer a emenda.

Salvador opera cambalhota

Jogo controlado pelo Belenenses, imensas dificuldades por parte de um Aves órfão de ideias para fazer mais. Valeu Salvador Agra, com o seu estilo peculiar de encarar a luta contra tudo e todos a operar a cambalhota. Ainda antes do intervalo a equipa de Ricardo Soares chegou ao empate com um golo fabricado por dois emprestados pelo Benfica.

Arango fez o passe a rasgar a defesa, da esquerda para a direita, nenhum dos defesas do Belenenses conseguiu cortar e Agra recebeu direcionado para a baliza rematando depois cruzado para o fundo das redes aos pés do guarda-redes Muriel, a fazer aquele que foi o primeiro golo em casa da época. Ainda antes de cumpridos dez minutos na segunda metade o Aves operou a cambalhota. Investida de Salvador Agra pela direita a solicitar o remate triunfal de Ryan Gauld.

Ricardo Soares trancou a porta, musculou o meio campo e acrescentou mais um central. Mais importante do que tudo era mesmo o triunfo, que ficou selado com o apito final de João Pinheiro. Primeira vitória da época do Aves, que deixa assim a lanterna vermelha da Liga. O Belenenses pareceu entrar iluminado nas Aves, mas não conseguiu deixar a intermitência deste arranque de época.