Domínio absoluto, jogo de sentido único mas sem a chama do dragão na Vila das Aves. O FC Porto não foi além de uma igualdade sem golos na casa do último classificado da Liga com uma prestação parca em ideias para penetrar no último reduto de um  Aves compacto à frente da sua área. Pela primeira vez esta época os dragões ficam em branco.

É certo que o Aves praticamente não existiu a não ser na sua vertente defensiva, mas era de esperar de uma equipa que vinha de cinco de derrotas consecutivas e somou o quarto jogo consecutivo sem marcar qualquer golo. De uma equipa que espera apenas pela sentença da calculadora pouco mais seria de esperar, reconhecendo-se-lhe, ainda assim, a arte de bem cerrar fileiras.

Competia ao FC Porto mostrar mais, mostrar mais argumentos, criatividade e a chama do dragão para fazer a diferença. Nem de penálti lá foram, a meias com inércia própria e com mérito avense, com uma prestação inspirada do Szymonek, os azuis e brancos voltam a ceder pontos, relançando a luta pelo primeiro lugar.

Sentido único sem critério e nem de penálti

A jogar a defesa da liderança numa retoma periclitante da Liga, tocando o extremo oposto da Liga ao medir forças com o último classificado, o FC Porto entrou a impor a sua lei na Vila das Aves. Imprimiu sentido único ao jogo, atuando no meio campo adversário, mas mesmo assim os primeiros quarenta e cinco minutos foram muito pobres.

O conjunto de Sérgio Conceição parece jogar sobre brasas, com demasiada pressão e pressa a mais para desenvolver o seu jogo. No meio de tanta vontade, de tanto querer, foi faltando critério e argumentos para transpor o bloco baixo da equipa de Nuno Manta Santos, que controlou bem a profundidade.

Com três centrais que facilmente formaram uma linha de cinco defesas com o recuar dos laterias, o Desp. Aves não teve vergonha de jogar feio, simplificou e, como se diz na gíria, pôs longe sem veleidades e sem pedir licença.

Com tanto assédio ofensivo mas com tão pouco critério nem de grande penalidade os azuis e brancos chegaram ao golo. Xistra foi perentório a apontar para a marca dos onze metros numa dividida entre Szymonek e Oávio aos 22 minutos num lance em que as dúvidas são mais do que muitas, mas na cobrança Zé Luís não conseguiu transforma em golo. Szymonek adivinhou o lado e travou o remate fraco e denunciado do avançado. Quinto penálti falhado pelos dragões na presente edição da Liga.

Resumo da primeira metade: quase oitenta por cento de posse de bola do FC Porto, apenas um remate enquadrado com a baliza, o da grande penalidade.

Raspanete de pouca dura

O chá do intervalo, que é como quem diz o raspanete de Sérgio Conceição, fez efeito no reatar do encontro após o período de descanso, com o FC Porto a entrar verdadeiramente endiabrado.

Comprimido debaixo da língua por parte do Aves, punhos serrados a preparar o sofrimento. Um, dois, três remates. Vendaval de ataque azul e branco do FC Porto com Luís Díaz a assumir a batuta. Ameaça séria às redes avenses, adivinhando-se o golo da equipa orientada por Sérgio Conceição.

Um vendaval que foi, contudo, perdendo consistência. O FC Porto nunca deixou de carregar, mas acompanhando o evoluir do relógio voltou a sentir-se a pressão, a vontade fez encravar a lucidez e saiu quase tudo aos atropelões.

Resistiu o Aves, Szymonek ainda fez uma defesa quase que milagrosa nos descontos, segurando o empate que mais não é do que uma espécie de cuidado paliativo para um Aves há muito afundado na tabela classificativa.

Claudica novamente o FC Porto, podendo ser igualado pelo Benfica na tabela classificativa. Faltou arte e engenho para abanar com as redes. Faltou, ao fim de contas, a chama que já noutras ocasiões se viu faltar a este dragão durante a época.