O Desp. Aves fez o que ainda apenas o Sporting tinha feito e é a segunda equipa a roubar pontos ao líder FC Porto. Com os dragões a demonstrar uma das faces mais descoloridas da época, a equipa avense aproveitou para arrancar um empate (1-1) saboroso, conseguindo o primeiro ponto da sua história diante dos portistas.
Nem os regressos de Soares e Marega foram suficientes para os azuis e brancos manterem a senda vitoriosa na Liga em vésperas da receção ao Benfica. O conjunto de Sérgio Conceição jogou mais de meia hora em inferioridade numérica em virtude da expulsão de Corona por acumulação de amarelos.
Os azuis e brancos apresentaram-se nas Aves com uma grande novidade no onze. Soares jogou no ataque ao lado de Aboubakar, regressando aos relvados mais de dois meses depois da sua última aparição. Corona regressou ao onze, por troca com Maxi Pereira, fazendo Ricardo Pereira recuar no terreno, comparativamente com o duelo com o Besiktas. Já Lito Vidigal operou quatro alterações no Desp. Aves em relação à eliminatória da Taça de Portugal com a União de Leiria, sendo as novidades Quim, Rodrigo, Carlos Ponck e Arango.
O técnico da equipa avense montou um sistema com três defesas centrais que facilmente se tornou numa linha defensiva de cinco elementos, mas que ao mesmo tempo permitiu ao Aves sair com muitos homens para o ataque face à velocidade de Rodrigo e Nildo nas laterais, a quem se juntou a rapidez do tridente da frente formado por Agra, Arango e Amilton.
Qualidade portista dá vantagem parcial
A gaiola que Lito Vidigal montou apanhou com relativa facilidade o dragão. A equipa da Vila das Aves começou por ser mais perigosa e pôs várias vezes em sentido o último reduto azul e branco. Com pouco espaço para jogar, o FC Porto teve poucos argumentos e deixou-se apanhar em contrapé por um Aves pujante na frente.
Arango atirou ao ferro da Baliza portista logo aos dez minutos, Salvador Agra esteve na cara de José Sá valendo uma saída destemida do guarda-redes aos pés do extremo cedido pelo Benfica e Amilton tentou com vários remates fazer a diferença. O FC Porto ia tento mais bola, mas os avenses chegavam com mais perigo ao ataque, deixando a equipa de Sérgio Conceição pouco confortável.
Valeu a maior qualidade técnica dos portistas para anular o maior perigo dos avenses. Logo aos seis minutos os dragões puseram-se em vantagem. Foi o regressado Soares a encontrar espaço nas costas da muralha defensiva da equipa da casa e Ricardo Pereira a acreditar, subindo pelo seu flanco para enviar a bola por entre as pernas de Quim. Vantagem mínima feliz dos dragões ao intervalo.
Vermelho ao dragão acentua vermelho avense
O intervalo chegou em boa hora para os dragões, numa fase e que o Aves pressionava e ia colecionando pontapés de canto. O descanso era o melhor conselheiro para permitir aos dragões projetarem os segundos quarenta e cinco minutos sem ter que passar por tantas aflições.
Só que o Aves não se rendeu e ainda antes de jogados dez minutos Corona fez um disparate, viu o segundo amarelo e acabou expulso. Vidigal desmontou a defesa a três e armou as asas avenses para o ataque. Sem surpresas Vítor Gomes reestabeleceu a igualdade com um golpe de cabeça a corresponder a um cruzamento de excelência de Amilton. Um golo que se adivinhava.
A melhor face do dragão surgiu na adversidade. Sem a vantagem e em inferioridade, já com outra surpresa em campo, Marega também regressou aos relvados, o FC Porto chegou com mais afinco a junto da baliza de Quim. Com mais coração do que cabeça é certo, Marega batalhou, mas não deu para mais do que o empate. Pelo meio ainda se pediu grande penalidade num lance sobre Danilo, por pontapé de Amilton no médio portista quando tentava aliviar a bola, mas o FC Porto deixou mesmo dois pontos nas Aves.
O dragão tropeça antes da receção ao Benfica naquela que foi uma das piores exibições da época. Em nove jogos somava nove triunfos diante do Aves, um enguiço que se quebrou. Para além do demérito portista há também mérito para o Aves e para a estratégia de Lito Vidigal. Provou que está num bom momento, enfrentando o líder de frente.
