Não foi fantástico, nem sequer muito bom o primeiro Desp. Aves-Rio Ave da história da Liga portuguesa. Em noite de estreia, o duelo acabou por deixar muito a desejar, fruto de um choque de estilos que rapidamente se percebeu que poderia dar no que deu: um jogo sonolento e com poucos motivos de interesse quase de início a fim.

E, curiosamente, o quase está relacionado com os primeiros minutos que foram, de facto, prometedores, e os últimos que foram, também, agitados. Melhor o Rio Ave a abrir; melhor o Desp. Aves a fechar.

O Rio Ave entrou, então, enérgico e criou logo duas oportunidades para marcar, provando que a matriz da equipa não saiu beliscada dos três jogos que leva sem vencer: afinal, dois foram contra Benfica e FC Porto e outro com o «europeu» Marítimo.

Aliás, honra lhe seja feita, o Rio Ave de Miguel Cardoso, esta noite de volta à fórmula habitual, com Pelé ao lado de Tarantini e apenas com Nelson Monte a render o castigado Marcão, foi fiel aos seus princípios. Futebol apoiado, construído desde trás, com toda a paciência.

O problema é que, corrigida a entrada em falso, a equipa de Ricardo Soares, muito diferente na forma de jogar, encaixou bem as marcações, organizou-se na defesa e tapou com mestria os caminhos da baliza de Quim. O técnico acrescentou Paulo Machado ao miolo que já tinha Washington e Vítor Gomes. Acrescentou choque e qualidade na saída, porque o caminho seria sempre o do ataque rápido. Se o Rio Ave pensava, pensava e pensava até descobrir o espaço, o Aves ia direto ao assunto e logo se via.

Assim se passou o resto da primeira parte e assim foi, também, quase toda a segunda, com uma exceção: o desgaste fez mossa no Rio Ave e as transições rápidas da equipa da casa foram, pouco a pouco, ficando mais perigosas.

A mais flagrante foi mesmo a que sucedeu ao minuto 69, quando Derley atirou ao poste um centro de Vítor Gomes, após arrancada impressionante de Rodrigo pela esquerda. Já antes disso, em mais um lance muito simples, Salvador Agra ficara perto de marcar. Na ocasião, Paulo Machado fez um passe de 30 metros para Arango que rematou para a defesa de Cássio. Foi na recarga que o avançado, natural das Caxinas e assobiado pelos adeptos do Rio Ave a cada toque na bola, falhou.

No jogo dos bancos, nenhum dos técnicos foi ousado porque um ponto é sempre um ponto. O Rio Ave jogava fora, o Desp. Aves, com o triunfo do Desp. Chaves, ficava sozinho no último lugar (partilha-o agora com o Tondela). Assim, Miguel Cardoso apenas refrescou o ataque. Barreto por Nuno Santos; Guedes por Karamanos; Geraldes por Novais. Sempre troca por troca.

Do outro lado, Ricardo Soares não fez muito diferente, embora uma mudança tenha cariz especial. Ao trocar Arango por Amilton, ganhou para os dois flancos uma rapidez que o Rio Ave teve muitas dificuldades em suster. Já não era só Salvador, pois o brasileiro não lhe fica nada a dever em velocidade e, já na reta final, assustou e de que maneira os de Vila do Conde, com um remate a rasar o poste e uma assistência atrasada para Derley disparar por cima.

Seria um castigo duro para o Rio Ave, é certo, porque o empate, pelo que fizeram e não fizeram as duas equipas, é mesmo o resultado mais certo, num jogo animado no início e no fim, mas com um miolo longe de deixar saudades.