Duelo inédito na Liga. Desportivo das Aves e Tondela defrontaram-se pela primeira vez em jogos do principal escalão do futebol, com os beirões a dar um pontapé na lógica dos últimos resultados, vencendo por uma bola a zero. A equipa de Pepa ultrapassa os avenses na classificação e reencontra os triunfos depois de duas derrotas consecutivas.

Em sentido inverso, o Desp. Aves atravessava uma boa fase, a melhor sequência da época não perdendo nos últimos quatro jogos, registando pelo meio um empate com o FC Porto neste mesmo estádio, mas foi traído pela falta de eficácia e, de alguma forma, por algum deslumbre pelos resultados recentes.

Apenas na segunda metade as redes abanaram, e tal como o resultado se levarmos em linha de conta os recentes resultados, também o golo na segunda metade é um pontapé na lógica. A primeira parte foi um autêntico hino ao desperdício com um sem número de lances de golo eminente desperdiçados, e numa segunda metade mais contida Heliardo carimbou os três pontos para os tondelenses.

Hino ao desperdício

O Desportivo das Aves entrou a todo gás, cheio de força e precisou de poucos segundos para fazer tremer a baliza tondelense. Drible de Arango sobre o adversário, em posição e remate preferiu dar para o lado para Salvador Agra, que atirou ao ferro da baliza de Cláudio Ramos. Um pronuncio daquilo que seria a primeira metade: um hino ao desperdício.

Com uma margem que não é confortável para a linha de água, mas também que não asfixia, os dois conjuntos jogaram de forma aberta e, por isso, nos primeiros registram-se lances de golo para todos os golos. Falhou a finalização a fazer funcionar o marcador e a dar a consequente expressão ao resultado.

Do lado do Tondela Miguel Cardoso foi nome maior. Três perdidas incríveis, em boa posição apenas com a baliza pela frente. Começou por falhar dois remates de primeira, a correspondendo a passes atrasados do lado direito, mas pegou mal na bola e atirou sem as medidas certas. A terceira perdida é ainda mais confrangedora, isolado desviou em demasia de Quim e atirou novamente ao lado.

No Desp. Aves, para além do remate de Agra ao travessão, Rodrigo também lhe seguiu as pisadas e atirou do meio da rua ao travessão. Para além disso Gauld tentou várias vezes de pé esquerdo, e Agra esteve na cara de Cláudio Ramos, mas permitiu que o guardião fizesse a mancha.

Cabeça de Heliardo faz a diferença

Depois do intervalo o cenário foi diferente. Heliardo fez o que ainda ninguém tinha acontecido e abanou com as redes logo aos seis minutos. Pontapé de canto da esquerda, Pedro Nuno fez a bola cair junto ao primeiro poste e o avançado brasileiro desviou de forma letal abrindo o ativo depois de uma espécie de pacto de desperdício na primeira metade.

Alterou-se ligeiramente o figurino. A equipa do Aves perdeu lucidez e passou a jogar de forma mais ansiosa, mantendo ainda assim uma maior dose de ascendência no jogo. Os pupilos de Lito Vidigal começaram a lutar contra o relógio e contra o seu próprio desassossego. Aproveitou o Tondela para armar contragolpes, mas faltou arte para criar situações de real perigo.

Muito suor na fase final, domínio absoluto com o Tondela a resistir. A defender como pôde em frente à sua área, canalizando as suas forças quase que em exclusivo para as tarefas defensivas em detrimento do ataque. A resistência garantiu o triunfo saboroso nas Aves e a consequente ultrapassagem aos avenses.

Jogo entretido na Vila das Aves, aberto e desinibido, mas com um défice evidente no que às oportunidades de golo criadas e ao seu consequente aproveitamento diz respeito. Venceu o Tondela porque conseguiu abanar com as redes e é isso que faz a diferença. O golo esteve ali tão perto, só Heliardo não temeu a felicidade.