O Vitória de Guimarães espantou na Vila das Aves a crise de maus resultados, num jogo que não foi perfeito mas que, no resultado final, passa muito bem por isso. Os três pontos, o mais importante, vão na mala vitoriana até à cidade berço. Coisa inédita esta época: é a primeira vitória fora para a Liga.

Tudo isto num jogo em que a equipa de Pedro Martins aproveitou os erros defensivos da equipa da casa para fazer a diferença. Porque nisto do futebol, a experiência e as rotinas também têm o seu peso e, num confronto entre duas equipas que vivem momentos abaixo do esperado, levou a melhor a equipa que menos tremeu, mesmo que, numa boa parte do jogo, não tenha sido a que mais futebol produziu.

É preciso reconhecer que o Desp. Aves foi melhor no primeiro tempo e o resultado ao intervalo era extremamente pesado para a equipa de Lito Vidigal. Até o empate poderia não o se,r houvesse outro acerto lá na frente. Problema? Não havia na frente e muito menos atrás. Muito trabalho para Lito colocar a equipa a defender à altura do campeonato que disputa.

O Vitória, pois claro, nada tem a ver com isso e não tem de preocupar-se com problemas alheios. Antes, deve resolver os seus e, se possível, explorar, então, os que existem do lado de lá. Como fez.

Marcou cedo, num golo em que Raphinha, após passe magistral de Héldon, o melhor em campo, expôs as fragilidades de Nildo como lateral esquerdo, posição em que surgiu esta noite. É evidente a qualidade técnica do brasileiro, como também as dificuldades posicionais. A primeira custou logo um golo e obrigou o Desp. Aves a correr atrás.

Contudo, como se disse, o Aves reagiu muito bem. Não só empatou relativamente cedo, com Salvador Agra a transformar um penálti evidente por mão na bola de Victor García, como partiu para cima do Vitória depois desse momento, ao minuto 17.

Sobretudo pela velocidade estonteante de Amilton, o Aves ia semeando o pânico na defesa vitoriana que também não mostrava sinais de solidez por aí além. Notava-se, contudo, que faltava qualquer coisa à equipa de Lito, até porque esse domínio não se traduzia em reais oportunidades, exceção feita a um disparo de Nildo que Miguel Silva sacudiu.

Com o Aves em cima do Vitória veio...o golo de Héldon. Um lance feliz, iniciado num lançamento lateral de Victor García, que chegou a Rafael Martins e que Pedrinho cortou para os pés de Héldon. Até poderia ser apenas um pormenor, mas o cabo-verdiano não perdoou. Encheu o pé e mudou a história do jogo.

O Vitória foi para o descanso a ganhar quando o empate já era um belo prémio e, no segundo tempo, foi bastante mais incisivo no seu jogo e justificou o triunfo. Antes do terceiro golo, marcado por Rafael Martins num remate acrobático após livre da direita, houve mais três oportunidades para a equipa de Pedro Martins: aos 59 minutos, Raphinha entrou na área e viu Quim fechar-lhe o ângulo; aos 63, um dois em um, novamente com Quim a ganhar o duelo a Raphinha e, na sequência, Héldon a atirar a rasar o poste.

O Desp. Aves, por seu turno, só reagiu a sério quando já tinha sofrido o terceiro, a um quarto de hora do fim. O golo de Rafael Martins matou o jogo e selou as pazes com os adeptos, depois do conturbado início de semana.

Lito Vidigal colocou Derley e Arango em campo, mas já era tarde, ainda que o colombiano tenha, só à sua conta, ficado três vezes perto de marcar. Dois remates a rasar o poste e um outro, quase na pequena área, que Miguel Silva defendeu. Ficou a questão: por que entrou tão tarde?

A verdade é que já não havia nada a fazer, como se provou e o triunfo vitoriano, que Pedro Martins selou a partir do banco, com Francisco Ramos, no lugar de Heldon (já depois de trocar Tallo por Hurtado) a trancar o jogo definitivamente.

A tradição mantém-se, ainda não foi desta que o Desp. Aves venceu o V. Guimarães.