Já entrou num estádio vazio? Experimente. Não há nada menos vazio do que um estádio vazio. Não há nada menos mudo do que as bancadas sem ninguém.

As palavras de Eduardo Galeano representam o João Cardoso esta noite. No pequeno ecrã viu-se Ronan encher um estádio deserto. O brasileiro foi capaz de lembrar-nos que o futebol ainda é um espetáculo e deu a vitória ao Tondela na receção ao Desp. Aves (2-0).

E nem foi preciso esperar muito para saltar do sofá ou da cadeira.

Logo aos 11 minutos, o avançado cedido pelo Rio Ave aos beirões sentou facilmente três adversários, incluindo o guarda-redes, e fez o 1-0 com classe. Um golo de génio que ninguém pôde aplaudir.

O golo teve um estranho efeito nos beirões: retraiu-os. Com pouco ou nada a perder, o Desportivo das Aves soltou-se e ameaçou a baliza de Cláudio Ramos com destaque para o cabeceamento de Falcão por cima e um livre de Ricardo Mangas.

Para quem ocupa o último lugar os avenses pouco mais fizeram no capítulo ofensivo. O Tondela despertou mesmo antes do apito para o intervalo, mas Buatu cortou em cima da linha o cabeceamento certeiro de Ricardo Valente.

A história da partida alterou-se em 15 segundos. Foi precisamente o tempo que Ricardo Mangas demorou a ver o segundo cartão amarelo, no reatamento, que deixou o Desportivo das Aves com dez elementos.

O «lanterna vermelha» continuou, no entanto, confortável no jogo. Ronan estava numa noite em cheio e decidiu resolver a partida a meia-hora do final com um cabeceamento certeiro, após nova assistência de Richard.

Os avenses tiveram o mérito de manter o brio, o profissionalismo e a honra até ao final. O remate de Falcão ou o cabeceamento de Mohammadi já nos instantes finais são sintomáticos. Pelo outro lado, o Tondela desperdiçou duas claras ocasiões para fazer o 3-0: Rúben Fonseca atirou ao ferro e Murillo decidiu mal na cara de Szymonek.

Com um estádio vazio, o Tondela celebrou a segunda vitória caseira da época e afundou (ainda mais) o Desportivo das Aves que vê a descida cada vez mais perto.