Nove curiosidades que talvez não soubesse a propósito de uma 16ª jornada que deixou o Sporting mais desafogado na frente e acentuou as dúvidas em redor de Lopetegui no Dragão:

Onze anos depois
Passaram onze anos, quase dia por dia, desde o último empate do Rio Ave em casa do FC Porto. A última vez tinha sido a 9 de janeiro de 2005, também por 1-1. Então, como agora, o jogo calhou à 16ª jornada, o primeiro jogo do Dragão perante os seus adeptos, após o Ano Novo. Então como agora, o FC Porto era orientado por um técnico espanhol contestado pelos adeptos – Victor Fernandez, que viria a ser substituído por José Couceiro no fim desse mês, após uma derrota caseira com o Sp. Braga.

João, filho de Abílio

A viver época de estreia na I Liga, João Novais, autor do golo que valeu o empate do Rio Ave, tem genes talentosos: é filho de Abílio Novais, médio com percurso notável na Liga portuguesa e passagens pelo FC Porto, Belenenses, Salgueiros e Leixões, entre outros clubes. Até por ter beneficiado de um ressalto feliz em Danilo, o golo de João Novais – o seu segundo na Liga, depois da estreia com o Arouca, em dezembro – também segue as pisadas do pai: em fevereiro de 1997, Abílio apontou o livre que deu origem ao primeiro golo do Salgueiros, numa histórica vitória do emblema portuense em pleno estádio das Antas, por 1-2. Apesar dos ressaltos e desvios, o golo acabou por ser-lhe oficialmente atribuído pela Liga. O médio voltaria a marcar ao FC Porto no ano seguinte, mas aí o Salgueiros viria a perder o jogo por 3-1.



Três vezes a marcar passo
Este foi o terceiro jogo consecutivo sem vitória para o FC Porto em provas oficiais. Não é facto inédito no percurso de Lopetegui, que na época passada tinha alinhado três empates no mês de setembro (Boavista. Sporting e Shakhtar). Paulo Fonseca tinha feito pior – quatro jogos sem ganhar, entre fevereiro e março de 2014, mas ainda assim com apenas uma derrota. Para encontrar algo semelhante – um ponto em três jogos - é preciso recuar mais de quatro anos, até à primeira época de Vítor Pereira (2011/12), com duas derrotas (APOEL e Académica) intervaladas por um empate, em novembro de 2011.

Melhor que Bruno, só mesmo… Fredy

Bruno César estreou-se com a camisola do Sporting com dois golos e uma assistência, uma entrada em cena a todos os títulos notável – no Benfica, em 2011/12, tinha-se estreado com um golo, diante do Feirense, mas precisou de esperar pelo 26º jogo na Liga para o seu primeiro bis, e único, até à data. Tornou-se, depois de Hassan (que também bisou nesta noite, pelo Sp. Braga) o segundo jogador nesta edição da Liga a marcar por dois clubes. Para encontrar uma estreia mais retumbante pelos leões é preciso recuar até agosto de 2013, quando o colombiano Fredy Montero se apresentou aos adeptos, em Alvalade, com um hat-trick na goleada ao Arouca (5-1).

Quanto vale a meia dúzia?
As goleadas de Sporting e Benfica, nesta jornada, igualam os registos mais destacados nesta edição da Liga. Para o Benfica trata-se de uma repetição da chapa 6 aplicada ao Belenenses, em setembro. Antes desta jornada, a única equipa a conseguir o 6-0 tinha sido o Paços de Ferreira, em casa, diante do União. Se o Benfica foi o primeiro a bisar a meia dúzia, o Sporting tornou-se a primeira equipa nesta edição da prova a marcar seis golos fora de casa. Na época passada, o único a consegui-lo foi o Sp. Braga (1-6 em Penafiel). O último grande a conseguir este resultado fora de portas tinha sido o Benfica, em 2008/09, em casa do Marítimo (0-6). O Sporting já não conseguia semelhante proeza desde 27 de outubro de 2001, quando se impôs por 6-0 na Mata Real, no ano do seu último título.

José Sá, ou o azar dos Távoras

Que o habitual suplente do Marítimo é excelente guarda-redes, não restam dúvidas – bastaria puxar pela memória do Europeu de sub-21 para encerrar o tema. Por outro lado, o seu trajeto na Liga está marcado pelo azar: entrou pela primeira vez para o lugar de Salin a 12 de dezembro, quando o francês foi expulso em Guimarães. Ainda antes de tocar na bola foi batido de penalti, sofrendo aí o seu primeiro golo na prova. No seu único jogo a titular para a Liga, o Marítimo foi goleado em Arouca (4-1). Agora, na Luz, entrou de novo com o jogo a decorrer e acabou por seu batido por seis vezes em 83 minutos, sem culpas no cartório. Por tudo isto, vai com o pouco invejável registo de 11 golos sofridos em 191 minutos, média de um golo a cada 17 minutos. E não podia ter feito muito mais para evitá-los…

Tantos golos, outra vez

Benfica e Sporting foram quem mais contribuiu para o registo de 32 golos em nove jogos, média de 3,55 por jogo. Não é a melhor desta edição da prova, visto que a 13ª jornada ficou marcada por um recorde histórico de 40 golos. Mas acentua a ideia de que se marcam mais golos do que nas últimas edições da prova - 371 em 144 jogos, para uma média bem razoável de 2,58 por jogo. O Benfica é quem tem o ataque mais goleador, com 41 tentos - e isto apesar de já ter ficado em branco em quatro ocasiões...

Assistência ressente-se
dez anos que não havia uma jornada integralmente a meio da semana. E, sem surpresa, o registo de espectadores foi mais baixo do que o habitual. Na Luz, estiveram 31590 adeptos para ver a goleada do Benfica ao Marítimo, pior registo da temporada, e pior registo encarnado em jogos da Liga desde dezembro de 2013. Mas mais significativo será, seguramente, o número de espectadores no Dragão: apenas 19.116 no FC Porto-Rio Ave, pior registo portista para a Liga desde o FC Porto-Penafiel, da última jornada da época passada, já com tudo decidido.

Lá em baixo ainda anda gente...

... apesar de ser tão tarde. E começa a fazer-se especialmente tarde para Boavista e Tondela, abaixo da linha de água que, com esta jornada, viram aumentar ainda mais o fosso para a maior parte dos rivais na luta pela permanência. O Tondela não conseguiu tirar partido da vitória no último fim de semana, voltando a marcar passo na lanterna vermelha perante um Paços com ambições europeias. Mas pior ainda terá sido o resultado do Boavista, que ao ser derrotado pelo Uniao, na Madeira, deixou que se abrisse um fosse de sete pontos para a equipa insular, e outros teóricos aflitos, como Moreirense e Estoril. No meio do caminho está a Académica, que não pode respirar fundo, mas tem, ainda assim, três pontos de vantagem sobre os axadrezados - que na próxima jornada recebem um FC Porto em crise....