Entre duas equipas em queda livre na classificação, foi o Estoril que encontrou o paraquedas na tarde dramática deste domingo e fez a festa na Amoreira ao mesmo tempo que deixou o Santa Clara praticamente condenado a cair para o segundo escalão. Mesmo a jogar contra o vento na primeira parte, a equipa de Ricardo Soares fez pela vida, marcou dois golos e depois geriu a vantagem diante de um adversário apático que nunca ameaçou discutir o resultado.

Os canarinhos, que vinham de uma série negra, com nove derrotas nos últimos dez jogos, voltaram a encontrar o sorriso que, apesar de amarelo, permite-lhe encarar as últimas quatro jornadas com maior tranquilidade, já com seis pontos de vantagem sobre o Marítimo que está no lugar de play-off. A equipa de Ricardo Soares pode, inclusive, voltar a olhar para cima, agora com o Gil Vicente a apenas três pontos de distância.

Quadro inverso para o Santa Clara que jogava quase tudo este domingo, uma vez que, na ponta final do campeonato, vai ainda jogar a Braga e à Luz. Depois de ter quebrado uma série de nove derrotas consecutivas, com um empate, em casa, diante do Chaves, a equipa de Accioly voltou a perder e continua a seis pontos do lugar de play-off. Missão quase impossível.

Um jogo marcado por um vento forte, característico da Amoreira, que o Santa Clara sentiu tremendas dificuldades em gerir, mesmo a jogar a favor, como aconteceu na primeira parte. A equipa açoriana ainda tentou assumir as rédeas do jogo no arranque da partida, mas cedo se percebeu que o Estoril estava bem mais artilhado para a conjuntura do jogo, recuperando facilmente a bola em zonas altas do campo. O Santa Clara, pelo contrário, só conseguia ter bola junto à sua área e, assim, que passava o meio-campo via-se sem soluções para chegar mais à frente.

O Estoril ensaiou uma, duas, três transições e acabou por chegar ao primeiro golo, aos 17 minutos, na sequência de um erro crasso de Ricardinho que, com um passe de calcanhar, para trás, em zona proibida, entregou o ouro ao bandido. Carlos Eduardo ganhou a bola, lançou Rafik e o francês, em slalon na área, soltou a bola para o remate certeiro de Alejandro Marqués. Estava aberta a festa na Amoreira.

O Santa Clara nem esboçou uma reação, uma vez que foi o Estoril que, de peito cheio, continuou a mandar no jogo, fixando quase todas as ações no meio-campo açoriano e acabou por receber novo brinde, desta vez oferecido pelo VAR. Num lance que parecia apenas uma bola dividida entre Tiago Santos e Allano, o vídeo-árbitro avisou Nuno Almeida que o jogador do Santa Clara atingiu mesmo o adversário quando a bola, afinal, já lá não estava. Um penálti caído do céu que, Carlos Eduardo, com um pontapé em força, transformou no 2-0. Mais festa na Amoreira, desta vez ainda mais efusiva.

Armadilha montada para o Açor

Uma primeira parte totalmente controlada pelo Estoril diante de um Santa Clara apático, sem qualquer capacidade de reação. Não surpreendeu, por isso, que Accioly tivesse decidido avançar logo com três alterações para a segunda parte, prescindindo de Allano, Costinha e Matheus Babi (esteve em campo?), para lançar Tagawa, MT e Gabriel Silva.

Pouco ou nada mudou do lado da equipa de Ponta Delgada, o Estoril, pelo contrário, apresentava-se bem mais tranquilo, jogava agora com tudo a seu favor, incluindo o vento, como ficou bem evidente num livre de João Carvalho, ainda longe da baliza de Gabriel Batista, mas que passou como um míssil a centímetros da barra logo a abrir o segundo tempo.

O Estoril estava agora nas suas sete quintas, permitindo ao adversário subir no terreno, para depois apanhá-lo totalmente descompensado na sua defesa. Gabriel Silva ainda trouxe alguma ousadia ao ataque dos açorianos, mas o Estoril teve sempre o jogo controlado e esteve sempre mais perto de reforçar a vantagem.

Era mais do que evidente que o Santa Clara caminhava a passos largos para a armadilha montada pelos canarinhos como acabou por acontecer, mesmo a acabar o jogo, com Tiago Santos a ganhar velocidade, a levar tudo à frente e a servir Rodrigo Martins para o terceiro golo da tarde.

Um golo que reforça ainda mais a vantagem dos canarinhos que ficam definitivamente fora do alcance dos açorianos, a doze pontos de distância, com quatro jogos por disputar e com a derrota nos Açores (1-3) anulada. O Santa Clara já sabe que será sempre um dos três últimos e, agora, só se pode agarrar à esperança de ainda chegar ao play-off.