Há sensivelmente um ano que o Marítimo não marcava dois golos longe dos Barreiros, o que é sintomático da época pobre que está a fazer. Esta tarde, em Famalicão, consegui-o. Não foi suficiente.  O Famalicão não aceitou o castigo, demasiado pesado, empatou o jogo em cinco minutos e chegou ao triunfo nos descontos. Pablo, filho de Pena que entrou a três minutos dos noventa, vestiu a pele de herói.

Os famalicenses foram superiores, demonstraram mais tributos, mas ficaram reféns de uma primeira parte em que falhou, claramente, na decisão. Letal, mesmo sem grandes movimentações ofensivas, o Marítimo foi pragmático e chegou-se à frente, agarrando-se ao oxigénio que tem faltado durante a temporada. Em caso de triunfo, os insulares saltavam, à condição, para fora dos lugares de despromoção.

Mas o Famalicão – com muito mérito – teve do seu ímpeto, na vontade e no crer, aliados com a qualidade, atributos para operar a cambalhota no marcador, de forma heroica quando já passavam nove minutos para lá dos noventa. O tal golo de Pablo, fez levantar o estádio de um Famalicão em que se olha para a Europa.


Pragmatismo: a arma para combater o assédio

Tranquilo na tabela, vindo de dois triunfos e com seis vitórias nos últimos oito jogos como cartão de visita, o Famalicão não se fez rogado em pegar no jogo frente a um Marítimo que luta pela sobrevivência. Neste contexto, a equipa de João Pedro Sousa entrou dominante e esteve por cima em vários capítulos do jogo.

Mas, o assédio foi pouco assertivo e não teve critério no último terço. Os muitos cruzamentos raramente criaram perigo, ora saíam demasiado largos ora eram presa fácil para a corpulenta defensa insular. Colecionou lances ofensivos o Famalicão, mas a realidade é que escassearam lances de perigo.

O Marítimo respondeu com pragmatismo. Teve o que faltou na outra área, sendo letal. Quando se libertou das amarras impostas pelos famalicenses no início do jogo chegou ao golo, ao minuto 18. Bom lance de Paulinho no lado direito, combinou bem pela direita, traçando depois o cruzamento certeiro para Riascos finalizar no coração da área.

A seis minutos do intervalo novo golpe do Marítimo. Entre vários lances prometedores, mas sem efeitos práticos da equipa da casa, o conjunto de José Gomes voltava a faturar. Luíz Júnior ainda defende o primeiro remate de Paulinho, mas nada pôde fazer perante a recarga de Vidigal. Há sensivelmente um ano que o Marítimo não marcava dois golos fora de portas.

Rebelião em cinco minutos: explosão no último grito

O intervalo foi bom conselheiro para o Famalicão. A equipa de João Pedro Sousa era melhor, mas faltava qualquer coisa. Sem resultados práticos nos primeiros minutos, o técnico famalicense foi ousado, tirou um central (Otávio) para acrescentar ao jogo um elemento atacante (Sanca), ajudando a transfigurar o jogo.

Dobre subiu pela direita, fazendo o cruzamento para Cádiz finalizar de primeira. A entrada do Famalicão fez o municipal entrar em efervescência, as bancadas acordaram, a equipa passou a acreditar ainda mais e o Marítimo – que já ia queimando tempo – sucumbiu. Sem surpresas, apenas cinco minutos consomou-se a igualdade.

Manteve-se o ímpeto famalicenses, com muito crer, na busca do triunfo. A reta final do encontro foi estonteante. Bola cá, bola lá, Marcelo Carné ainda foi evitando o pior cenário. Pablo, lançado ao minuto 87 do encontro, foi o herói improvável do jogo. Jogada individual a culminar em golo com o pé esquerdo.

Foi o filho de Pena, ex-avançado do FC Porto, a lançar os famalicenses de forma provisória para o sexto lugar, que pode valer apuramento europeu. Uma vitória muito festejada pelos famalicenses; pela forma como aconteceu e pelo que representa, em vésperas de receber os azuis e brancos para a Taça de Portugal.