A bancada norte do Estádio António Coimbra da Mota, no Estoril, cujos danos estruturais obrigaram à interrupção do jogo frente ao FC Porto, está construída sobre um ribeiro, numa zona em que o terreno é instável e propícia a abatimentos de terra, conforme revelou o ex-vereador do desporto e confirmou ao Maisfutebol ex-administrador da SAD.

O antigo responsável pelo pelouro do desporto da Câmara Municipal de Cascais assume que um projeto para uma piscina na zona onde agora está erguida a bancada norte nunca avançou precisamente por esses motivos.

«Em 2002, quando assumi a função de vereador do desporto no Município de Cascais, o Estoril-Praia tinha um projeto para uma piscina, que estava parado há vários anos. O local indicado para a sua construção era de reserva ecológica e ficava em leito de cheia. Que este terreno era pouco estável, saltava à vista: em 12 anos, por três vezes foi necessário reparar abatimentos no solo dos campos sintéticos contíguos», escreveu João Sande e Castro numa publicação na sua página do Facebook em que salienta ainda o seu «espanto» ao ver que no local em questão foi construída «uma grande bancada», construída no defeso da época 2014/15.

Ao Maisfutebol, Tiago Ribeiro, ex-administrador da SAD do Estoril, confirma que existe uma ribeira que passa por baixo da bancada, que teve de ser evacuada ao intervalo do Estoril-FC Porto.

«Sabemos que há uma ribeira que passa por baixo daquela bancada. Aliás, em 2010 ou 2011, quando ainda estávamos na II Liga, parte da bancada nascente cedeu e ficou com um buraco. O problema já era conhecido pela câmara e pelo clube. Mas aquando da construção desta nova bancada foi considerado que o engenheiro responsável faria o necessário para garantir a segurança e estabilidade da infraestrutura», explica ao Maisfutebol o ex-dirigente estorilista.

A construção desta bancada no António Coimbra da Mota é da responsabilidade da Facimar. Esta empresa de Arouca tem no seu portfólio de empreitadas a construção de novas bancadas nos estádios de Arouca, Chaves, Paços de Ferreira, Portimão e na Cidade do Futebol – instalações da Federação Portuguesa de Futebol.

Recorde-se que a construção da bancada norte no estádio do Estoril, que é propriedade do município de Cascais, foi uma exigência da UEFA, que no segundo apuramento da equipa canarinha para a Liga Europa obrigou o clube a remodelar o recinto de modo a cumprir com os requisitos mínimos de público: oito mil lugares sentados.