À hora combinada, o telefone toca em San Diego. 16 horas na Califórnia, meia noite na cidade do Porto. Do outro lado da linha, uma voz carregada de simpatia. «Hola macho!», dispara o inesquecível Hugo Sanchez.

«Portugal gosta do meu México, si?». Sim, caro Hugo, pelos vistos sim. Jesus Corona e Miguel Layún juntaram-se a Héctor Herrera no FC Porto (e a Raul Gudiño e Omar Govea), Raul Jiménez chegou para o Benfica.

Hugo Sanchez, 57 anos, é o melhor futebolista mexicano de todos os tempos e um monstro sagrado na história da seleção azteca e do Real Madrid. Foi selecionador do seu país entre 2006 e 2008 e segue com especial atenção os compatriotas que jogam em Espanha e Portugal.

Em entrevista exclusiva ao Maisfutebol, Hugo Sanchez fala nesta parte sobre Herrera e Reyes, mas também sobre Jiménez, um ponta-de-lança que entusiasma o antigo matador de Atlético Madrid (1981 a 1985) e Real Madrid (1985 a 1992).

Acabámos a conversa a recordar os festejos acrobáticos do Hugo goleador. Foram 207 golos pelo Real Madrid. Melhor só Raul, Di Stéfano, Santillana, Puskas e, claro, Cristiano Ronaldo.

 
                                                   Hugo Sanchez selecionador: 3º na Copa América 2007

Tem explicação para esta atração do FC Porto pelo mercado mexicano?

«Costumo dizer aos meus amigos mais próximos que o FC Porto é um clube com olha clínico. Procura atletas que não sejam muito caros e tem quase sempre um lucro brutal com eles. Creio que a direção do FC Porto demonstra uma grande visão ao apostar em bons atletas mexicanos. O nosso futebol não é tão caro como o brasileiro, o argentino ou o colombiano e tem uma qualidade muito semelhante».

O Herrera continua a ser titular no FC Porto, mas o Diego Reyes não jogava e saiu…
«O Herrera é um indiscutível na seleção mexicana. Estamos extremamente contentes com tudo o que tem feito nos últimos anos em Portugal. O ano passado foi, para mim, o melhor mexicano a jogar na Europa. Aliás, creio que a boa carreira dele no FC Porto tem influenciado a opção de alguns compatriotas pela liga portuguesa».

E ao Diego Reyes o que faltou para ser titular no FC Porto?
«Não mostrou a qualidade e maturidade que mostrou no América e na seleção. Tenho pena, pois é um jogador competente. Começou a entrar em campo desconfiado do próprio valor e isso é o pior para um profissional».

Ao Benfica chegou recentemente o Raul Jimenez, um ponta-de-lança como foi o Hugo.
«O Raul vai surpreender tudo e todos. Tem uma qualidade impressionante. Em Madrid, no Atlético, nunca teve a confiança do treinador para ser titular e assim ninguém consegue render. A concorrência era muito forte. No Benfica vai ser ídolo. É muito forte a segurar a bola e é egoísta, no bom sentido, quando tem de rematar. O Raul vai chamar a atenção de toda a gente».  

As «chilenas» de Hugo Sanchez: