O que há a dizer deste FC Porto? Mais um resultado negativo e um filme que se tem repetido ao longo da temporada. A equipa portista deu uma parte de avanço ao Famalicão, soube reagir após o intervalo, mas o descontrolo emocional ao cair do pano impediu a vitória.

Os dragões empataram a dois golos com os famalicenses e podem serem igualados pelo Braga no último lugar do pódio já neste sábado.

Sem Fábio Cardoso e Pepe, Sérgio Conceição até deu a entender que ia recorrer a uma adaptação no eixo central da defesa, mas jogou pelo seguro e juntou Zé Pedro a Otávio. Por outro lado, surpreendeu ao lançar Marko Grujic no lugar de Varela e Iván Jaime em vez de Galeno. Já a entrada de Evanilson, após castigo, para «sentar» Namaso, era esperada.

Ainda assim, o técnico portista não terá ficado nada agradado com algumas destas apostas, que não souberam aproveitar a oportunidade que tiveram num Dragão com cerca de 30 mil pessoas – apesar do dia solarengo, o mau momento da equipa ajuda a explicar.

O FILME DO JOGO

Vindo de duas derrotas consecutivas no campeonato, algo inédito para os dragões esta época e quase impensável para um candidato ao título, era esperada uma resposta contundente do FC Porto logo a abrir o jogo. Mas não foi isso que se viu, bem pelo contrário. As feridas deixadas pelos desaires anteriores estavam bem à mostra e o Famalicão apercebeu-se disso mesmo.

Os famalicenses, assim que foi dado o apito inicial, mostraram que estavam no Dragão para tentar igualar forças e jogar olhos nos olhos. Uma proposta de jogo atrativa que Armando Evangelista tem trabalhado nas duas últimas semanas e que deu frutos ainda antes de estarem completados os primeiros dez minutos de jogo.

Processos simples, mas eficazes. Foi a estratégia que os minhotos tentaram implementar perante os portistas, como se viu no 1-0. Jhonder Cádiz fez um passe longo quase a meio-campo para Puma Rodríguez, teve tempo de correr até à área e ainda corresponder, nas alturas, ao cruzamento do panamense. Tudo isto perante uma passividade da defesa portista, que nem as várias ausências podem explicar.

Sem ter feito muito por isso, ainda assim, o FC Porto não demorou a empatar. A resposta dos dragões foi tímida e só nos rasgos de crença de Evanilson e Francisco Conceição é que se tornou eficaz.

O brasileiro acreditou mais do que do que Topic, Conceição «inventou» uma jogada junto à linha de fundo e a infelicidade de Zaydou Youssouf tratou do resto.

Com o empate de novo no marcador, os dragões tinham tudo para ir atrás da reviravolta, mas revelaram-se bastante apáticos, com lentidão na posse de bola, incapazes de penetrar no último terço e criar ocasiões de golo.

Já o Famalicão, fez uso dos bons recursos que têm – e que não fazem jus à época – e aproveitou os espaços e desacertos da transição defensiva dos portistas.

Mesmo em cima do intervalo, Gustavo Sá puxou dos galões da inteligência, cruzou tenso para a área e, depois de um desvio falhado de Sorriso ao primeiro poste, Cádiz ludibriou Jorge Sánchez e apareceu à vontade para encostar para golo.

A perder ao intervalo, tudo fazia prever que o FC Porto iria ser diferente na segunda parte. Desde logo, nos jogadores que tinha em campo.

Conceição não perdeu tempo e fez três alterações de uma assentada. O técnico portista tirou Sánchez, baixou Pepê para a posição de lateral-direito, juntou Varela a Nico no meio-campo com a saída de Grujic e ainda voltou a recorrer à dupla Taremi-Evanilson, sendo Iván Jaime o preterido.

E, a partir daí, foi um FC Porto mais condizente com os seus pergaminhos. Os portistas intensificaram a pressão no meio-campo adversário, colecionaram ocasiões de golo, enquanto os famalicenses foram recuando metros e juntaram homens ao redor da sua área. Cádiz, na frente, apesar de combativo, esteve muito desapoiado.

Luíz Júnior estava a fazer uma exibição de mão cheia e só o guardião brasileiro ou a quantidade de «camisolas amarelas» na área dos minhotos é que iam retardando o golo.

Mas esses recursos foram insuficientes aos 82 minutos – isto já depois de um golo anulado – quando Mehdi Taremi regressou aos golos (o primeiro em 2024). Depois de uma arrancada de Galeno pela esquerda, o avançado iraniano, na zona de penálti, rematou com potência.

Na reta final do encontro, os famalicenses, completamente de rastos do ponto de vista físico, tentaram abrandar o ritmo do jogo e evitar a reviravolta.

Com isso, a equipa do FC Porto descontrolou-se emocionalmente e voltou a acabar em inferioridade numérica, por agressão de Evanilson a Mihaj, que impede o brasileiro de marcar presença no jogo decisivo da Taça de Portugal, o único objetivo que resta da temporada.

E o Dragão, após o apito final, despediu-se com uma tremenda assobiadela.