«E a luta pelo título está de regresso… com o campeonato mais vivo do que nunca!»

Houvesse um cartaz à porta do Dragão e bem poderia anunciar desta forma este espetáculo de sábado à noite, que deixa o campeão FC Porto a quatro pontos de distância do líder Benfica, que ainda há bem pouco tempo parecia inalcançável.

Mais de 40 mil adeptos no Dragão assistiram ao duelo entre um candidato ressuscitado e um quase condenado ao cadafalso. Uma vitória sofrida por 2-1, mas celebrada antes e depois do apito inicial.

Com o FC Porto regressado do trinfo no clássico de sobrancelha levantada, ainda à espreita de uma candidatura extemporânea ao título, os olhos e ouvidos estavam em Trás-os-Montes, a uns 150 quilómetros de distância, onde o Chaves venceu o Benfica e deixou um lastro de festejo das bancadas às imediações do estádio portista. E milhares de pessoas a sonhar ali, naquele momento, com a revalidação do título nacional.

Era preciso à equipa de Sérgio Conceição cumprir com a sua parte e vencer o lanterna vermelha. O Santa Clara que não vencia há 18 jogos e perdera os últimos oito. Percebe-se porquê. É uma equipa sem rumo, perdida no Atlântico, e sem argumentos para contestar a superioridade portista nos primeiros 45 minutos.

Frente ao último classificado, o técnico portista lançou um 4-2-3-1 com um pendor nitidamente ofensivo, que nos primeiros minutos de jogo já se desdobrava para um quarteto ofensivo bem aberto na frente. O FC Porto dominou, chegou com perigo e acabou por parecer escassa a vantagem de um golo apenas ao intervalo, quando os azuis e brancos dobravam a posse de bola (67%-33%) e triplicavam o número de remates (6-2).

Não fosse Otávio a desperdiçar um penálti e o campeão nacional poderia voltar para o segundo tempo em modo de gestão.

Toni Martínez conquistou dois penáltis, Uribe cobrou um de forma irrepreensível e Otávio cobrou outro de forma desastrada. Resultado: 1-0 para o segundo tempo e o Santa Clara em alerta amarelo. Cinco jogadores viram cartão na primeira parte.

Este calor que a águia sente é do bafo do Dragão

No segundo tempo, sem nada a perder, os açorianos reagiram. Trocaram a bola no meio-campo portista, visaram uma mão cheia de vezes a baliza de Diogo Costa – o jogo terminou com 9-8 em remates. Por sua vez, Conceição tentou dar um sinal ofensivo nas substituições: colocou Evanilson junto a Toni Martínez na frente de ataque, mais tarde, puxou Pepê para lateral com a substituição de Manafá por André Franco, além de Namaso vir a substituir o incansável Toni Martínez. Ainda assim, a equipa não tinha controlo do jogo que mostrou no primeiro tempo e as bancadas impacientavam-se a cada incursão açoriana.

Haveriam apenas de celebrar e serenar a dez minutos do fim, quando Namaso apareceu oportuno na área para fazer o segundo.

Porém, vitórias tranquilas são coisa que rareia no Dragão nos últimos tempos. Nos últimos cinco jogos em casa para a Liga, o FC Porto perdeu um e ganhou quatro pela margem mínima. Desta vez, não foi diferente e já nos descontos Tagawa reduziu para a equipa de São Miguel.

Nada que estragasse a festa que durou bem para lá dos 90 minutos. Com «ola» mexicana e fogo de artifício não muito longe do estádio.

O FC Porto, que começou a última jornada a 10 pontos do líder Benfica e com o campeonato praticamente arrumado, está agora a quatro.

A águia, que parecia voar bem alto e podia ter arrumado as contas na passada jornada, sente agora um calor inesperado, vindo do bafo do dragão nas suas costas, quando faltam seis jornadas e tem entre outros adversários o Sp. Braga (na Luz) e o Sporting (em Alvalade).

No final, Sérgio Conceição teve um discurso mais longo do que o habitual na roda. Encheu os seus pupilos de fé, como que a provar que o campeão não está morto.

A Liga está viva. E a esperança agora é azul.