Lucho González recordou, em entrevista ao Porto Canal, momento das duas passagens pelo FC Porto e revelou que gostaria de regressar aos Dragões.

«Digo à minha mulher que quando acabar o contrato no Brasil vou tentar falar com o presidente e dizer que jogava aqui dois meses de graça só para voltar a pisar o Dragão», disse o argentino, agora jogador do Atlético Paranaense.

«Tive a sorte de ter jogado em grandes estádios, mas, para mim não há nada como o Estádio do Dragão. Estive a ver um jogo há pouco e emocionei-me», contou Lucho.

E se o regresso não se concretizar como jogador, poderá ser depois. «Quando deixar de jogar, se a minha ideia passar por estar ligado ao futebol, não tenho dúvida de que vou tentar estar aqui no FC Porto», garantiu.

Reprimenda de Nuno a Lucho: «Se eu fosse treinador, não jogavas mais»

Conhecido como El Comandante, Lucho diz que foi tratado «como um rei» no Porto. «Quando vim para o FC Porto, muita gente na Argentina duvidava da minha continuidade na seleção. Portugal não era visto como um grande campeonato lá. E eu decidi vir de olhos fechados. Conhecia a história do clube e de alguns jogadores, mas nunca imaginei que ia ter a receção que tive. E foi sempre assim, mesmo quando tive rendimentos menos bons, perdoaram-me tudo», recordou.

Falou ainda sobre treinadores. Co Adriaanse, de quem os adeptos «gostavam ou odiavam», e que tinha «regras meio militares», Vítor Pereira, que lhe pediu «para ajudar no balneário» e das «ideias novas» de Paulo Fonseca.

Mas a maior ligação terá sido com Jesualdo Ferreira: «Foi um dos treinadores que mais me marcou. Aprendi muito, ajudou-me a conhecer mais o futebol europeu. Toda a gente aprendeu muito com ele. Mesmo sendo chato, porque às vezes queria fazer coisas e chateava-nos a cabeça, mas só temos de lhe agradecer», contou.

O argentino diz que a decisão de sair a primeira vez do clube «não foi fácil» e que se emocionou quando disse que iria buscar as coisas no dia seguinte.

«Quando apareceu a oportunidade de regressar ao FC Porto eu esqueci todas as outras propostas que tinha e decidi regressar», garantiu.

E nesse regresso conseguiu aquele que garante ter sido o título «mais difícil»: o campeonato de 2012/13. «Foi o mais difícil e o que mais festejei. Ninguém acreditava, só nós e a equipa técnica».

«O golo do Kelvin pareceu um filme. Se quiséssemos fazer o final assim, não conseguíamos. Acho que o treinador do Benfica, agora do Sporting, nunca mais deve ter visto aquelas imagens. Não me lembro de ouvir tanto barulho num golo como naquele. Foi uma loucura. Recordo-me de saltar do banco e ir a correr pelo campo fora, nem sabíamos se havíamos de abraçar o Kelvin… o que fazer», lembrou Lucho.

Um episódio que ilustra aquilo que o jogador aponta como a mística portista. «A história do FC Porto é lutar até ao fim, acreditar. É uma coisa que se foi transmitindo, foi o que Vítor Baía, Pedro Emanuel, e Jorge Costa passaram para o Ricardo Costa, para o Raul Meireles, para o Bosingwa».

Falando do futuro, Lucho González não quer olhar para o fim da carreira. «A minha cabeça ainda está forte. Continuo a desfrutar de ir treinar todos os dias. Por agora tenho mais um ano de contrato no Brasil, estou muito feliz lá e o físico ainda está a aguentar bem».

«Ainda sinto que posso competir e quero continuar a ganhar. Não imagino a minha carreira sem poder ganhar mais um título», assegurou.