A FIGURA: GAITÁN
A primeira parte do argentino foi fraca. Complicou nalguns lances aparentemente fáceis por gostar de tratar (sempre) a bola por «tu». Começou na esquerda, andou pela direita e terminou o jogo a lateral esquerdo, sendo o elo sacrificado após a saída de Eliseu. Mas quem disse que Gaitán é obrigatoriamente menos perigoso a jogar mais recuado? Foi dali que tirou dois cruzamentos teleguiados que ajudaram a resgatar um jogo onde os encarnados se puseram a jeito. Primeiro, foi Raul Jimenez; depois, Jonas. Coisas de génios: mesmo quando os dias não lhes correm bem, eles podem decidir. Gaitán é assim. Continuará a sê-lo no Benfica?
 
O MOMENTO
Golo de Jonas
Depois de ter dado a volta ao resultado em dois minutos, os encarnados permitiram que o Moreirense chegasse ao empate num golo apontado por Cardozo em posição irregular mas onde a defesa (principalmente Lisandro) voltou a falhar em toda a linha. Mas, aos 86’, Jonas deu a segunda vitória na Liga à equipa de Rui Vitória.
 
OUTROS DESTAQUES:
 
Jonas: com a equipa a sentir (como já é hábito) muitas dificuldades para criar perigo em jogadas de ataque organizado, o brasileiro teve de procurar outras zonas de ação. Andou pela direita e chegou a ser visto em zonas recuadas do terreno, chegando a desempenhar, a espaços, o papel de um 10 que faria muita falta a este Benfica de Rui Vitória. Foi assim que fabricou com Pizzi a melhor ocasião de golo dos encarnados em toda a primeira parte, aos 37 minutos, mas acabou por rematar ao lado do poste esquerdo de Stefanovic. Aos 67’ foi servido de bandeja por Mitroglou, mas rematou muito por cima. Já perto do final, acabou por ver o esforço premiado, dando o melhor seguimento a um cruzamento de Gaitán
 
Victor Andrade: começou na direita, passou pela esquerda e procurou várias vezes criar desequilíbrios pelo meio. Nota-se que ainda não está plenamente entrosado com os companheiros (alguém está neste Benfica?), mas aparece várias vezes em boa posição pelo miolo. A maior parte das jogadas de perigo dos encarnados no primeiro tempo passaram por ele. Saiu ao intervalo, mas até estava a ser um dos melhores dos encarnados. Não se pode dizer que tenha desiludido na estreia a titular com a camisola do Benfica.
 
Raul Jiménez: foi lançado já dentro dos últimos 20 minutos, numa espécie de remake do desastre de há uma semana com o Arouca em Aveiro. Mas o avançado mexicano não demorou muito tempo a mostrar serviço. Na primeira intervenção no jogo, fez o empate num golpe indefensável de cabeça.
 
Vítor Gomes: é o cérebro do meio-campo do Moreirense. Com Filipe Gonçalves e Palhinha destinados a tarefas muito defensivas, também cumpriu nesse plano. Mas fez muito mais do que isso. Foi ele, também, quem ligou os setores da equipa minhota e o responsável por algumas recuperações de bola que colocaram o setor mais recuado do Benfica em apuros. Metade do primeiro golo da equipa de Miguel Leal é dele, ao esperar até ao limite para servir Rafael Martins com um passe delicioso.
 
Rafael Martins: que melhor elogio pode fazer-se a um ponta-de-lança que dizer-lhe que «tem golo»? No jogo que marcou o seu regresso ao futebol português, este ponta-de-lança brasileiro deu muitas dores de cabeça aos encarnados, principalmente na primeira parte. Aos cinco minutos, fugiu a Lisandro e com o remate cruzado deixou o primeiro aviso. Concretizou a ameaça aos 29’, com uma excelente finalização depois de fugir nas costas da defesa do Benfica.