Golos. São o ar do futebol, sem eles a modalidade não vive. Precisa deles como quem precisa de oxigénio. Um pouco como o futebol do Sporting na temporada: os golos de Bas Dost são o ar que o leão respira. O treinador Jorge Jesus não gosta de tanta dependência e é verdade que ela aumentou: o Sporting precisa mais de Dost do que precisava de Slimani. A diferença é muito grande? É isso que o Maisfutebol analisará de seguida.

Jonas está de volta. Mas ainda não foi titular na Luz para a Liga, esta época. O que pode acontecer nesta jornada. Na mesma análise, o Maisfutebol foi perceber como é que o Benfica «mascarou» a ausência de um jogador que, por esta altura, na época passada, era responsável por 36,5 por cento dos golos da equipa.

A eficácia tem sido o tema mais debatido na análise ao futebol portista. O nosso jornal já a observou em duas vertentes: uma histórica, outra estatística. Mas na comparação com os rivais e com o FC Porto da época passada haverá alguma diferença quanto aos goleadores? Os dragões recebem o Moreirense e trazem na bagagem dois jogos seguidos sem marcar.

Pode acompanhar os quadros e ver as diferenças de uma época para a outra no que toca à percentagem dos artilheiros nos golos dos ditos grandes à entrada para a 17ª jornada. No final, tem os números gerais do campeonato, com a impressionante marca de Léo Bonatini no Estoril na época passada. Muitas vezes sucede que os golos de um só jogador têm maior peso num ataque que marque poucos golos. O que só eleva a preocupação de Jorge Jesus, pois esse não é, seguramente, o caso da equipa que orienta.

Bas Dost: a maior «droga» da Liga

Jorge Jesus admitiu-o sem rodeios: não gosta de ter uma equipa tão dependente de um jogador. Na Liga não há nenhuma «droga» como Bas Dost. O holandês é o vício do golo do leão. O jogador que mais fatura no campeonato é também aquele cujos golos revelam mais peso no ataque da própria equipa.

Dost foi autor em 40,7 por cento dos 27 golos leoninos. Marega segue-se na tabela da Liga, como responsável por 37,03 golos do Vitória, de Guimarães. De uma época para a outra, o leão ficou mais dependente do ponta de lança. Mas será assim tão grande a diferença?

O camisola 28 dos leões tem 11 golos na liga, Slimani tinha 12 na mesma altura da época anterior. Ou seja, o argelino significava 37,5 por cento dos golos do Sporting da época passada (32). Haveria mais gente a marcar no ano anterior? Não. Doze jogadores marcaram esta época, outros 12 faturaram em 2015/16.

A conclusão é que sim, o Sporting está mais dependente de Bas Dost do que de Slimani, mas não tanto como se poderia pensar. Para refletir melhor será, talvez, a redução do número de golos marcados (e o número de sofridos, mas aqui não entra essa análise).

Guedes jogou mais, mas não foi por aí na Liga

Quando se olha toda a Liga, o Benfica aparece quase, quase no lugar oposto ao Sporting no que respeita à dependência dos golos de um só jogador. Obviamente que a lesão de Jonas é uma explicação para isso. Mas esse índice é, também, explicação para o modo com os encarnados superaram a ausência do «pistoleiro».

Há um ano, Jonas representava 36,5 por cento dos golos do Benfica no campeonato. Era o quinto jogador com mais peso nos golos da equipa. Era, nesse sentido, tão influente como Slimani. O Sporting transferiu o argelino e arranjou solução em Bas Dost, os encarnados fizeram os goleadores subir os números.

A perceção geral será a de que Gonçalo Guedes terá aproveitado bem a ausência do camisola 10 nos jogos da Liga. Será opinativo que sim: mas mais pelas exibições, do que pelos números. O 20 da Luz até tem menos um golo marcado do que no campeonato da época passada e a equipa tem menos sete em 16 jogos.

As lesões assim o obrigaram, é um facto, mas isso será um ponto a favor do plantel de Rui Vitória. Mitroglou e Pizzi são os melhores marcadores da equipa na Liga, com seis golos. Em conjunto representam 35,2 por cento dos golos das águias.

Não chegam, portanto, ao número de Jonas, mas estão lá quase. Atente-se ao seguinte: o grego representava 12,1 por cento dos golos em 2015/16. Agora pesa 17,6%; Pizzi 9,75, esta época 17,6. E Jimenez passou de 7,31 para 14,7.

A conclusão é simples: o Benfica teve 12 jogadores a faturar quer na época passada, quer nesta, mas distribuiu os golos e nenhum tem um peso tão grande no ataque como Jonas tinha em 16 jogos da época transata.

No entanto, agora que está de volta, é bom de referir também o seguinte: o Benfica também marcou menos sete golos em 2016/17.

A inversão no ataque do FC Porto

O FC Porto remata muito. Mas o que fatura em relação ao que atira é pobre. E mesmo assim, tem em André Silva um dos melhores marcadores da Liga.

O internacional português leva 10 golos no campeonato e isso significa que os dragões estão muito dependentes do que ele consegue fazer. Os golos de André Silva têm um peso de 35,7 por cento no ataque portista: só a ofensiva do Sporting e do Vitória de Guimarães estão mais agarradas a um só jogador em toda a Liga.

Ora, o FC Porto confirma também a tendência: os grandes marcam menos esta época. O dragão desceu dos 31 golos para os 28. Mas tem uma curiosidade: na época passada, ocupava o penúltimo lugar do ranking nas equipas cujos ataques estavam mais dependentes de um só homem.

Aboubakar e Corona eram os goleadores portistas por esta altura, com seis golos cada. Um número que representava um peso de 19,3 por cento para o camaronês e também para o mexicano na faturação da equipa azul e branca. Vinham Herrera e Brahimi de seguida com quatro golos e uma importância de 12,9 por cento.

Um cenário completamente alterado agora, apesar de haver 12 jogadores a marcar, ao contrário dos onze de 2015/16. A questão é que os golos portistas deixaram de estar dispersos e foram aglomerados num só representante. Corona passou de seis golos para um de uma época para a outra, Herrera de quatro para um (compensado por Diogo Jota ,no entanto). Mas estará também aqui uma explicação para a ineficácia azul e branca?

Benfica, Sporting, FC Porto e o resto da Liga

O resto da Liga começa a jogar-se já nesta sexta-feira, quando abrir a jornada 17, última da primeira volta, com o Arouca-Estoril. Curiosamente, a dependência do Sporting em relação a Bas Dost nem é, sequer, comparável com a que os estorilistas tinham com Léo Bonatini. O brasileiro representava à 16ª ronda uns impressionantes 66,6 por cento dos golos da formação da Linha.

Os números valem o que valem, mas não foi à toa que Jorge Jesus, o treinador da Liga com mais partidas disputadas, pensou sobre eles na análise à própria equipa. Porque eles levam sempre a uma questão, à qual o Benfica terá sido o único a já ter respondido.

Na época passada, Jonas resolveu problemas em variadíssimas ocasiões. A pergunta surgiria várias vezes: como seria o Benfica sem ele? É claro que as equipas passam por mudanças de uma época para outra, mas aquando da lesão do brasileiro, essa questão saltou de novo. Mesmo a marcar menos, o Benfica teve alternativas para chegar aos golos.

À luz destes dados, e também à reflexão de Jorge Jesus, é legítimo questionar: como será o Sporting sem os golos de Bas Dost? Ou o FC Porto sem os de André Silva?

Uma pergunta que, possivelmente, adeptos dos dois clubes preferem não ter resposta.