Hamzaoui. Hamzaoui. Hamzaoui.

Não repetimos o nome para que fique, já que não é dos mais fáceis da Liga. Fazemo-lo porque, na Feira, foi tudo dele. O Nacional bateu o Feirense por 3-0 na tarde em que a Liga, que recentemente perdeu Slimani, ganhou um novo argelino matador. Hamzaoui foi figura maior de um triunfo claro e justo que vale aos madeirenses a segunda vitória seguida e interrompe o ciclo do Feirense: nunca os homens da Feira ganharam três jogos seguidos na história da Liga.

A história do jogo, essa, começou por ser escrita com o branco insultar, teve períodos de azul da casa, mas a partir do golo que mudou o jogo, já nada foi como dantes. Ou melhor, voltou tudo ao início, àqueles minutos de arranque em que o Nacional, mais atrevido, impôs a sua lei.

Ainda mais HAMZAOUI: os destaques

Com uma equipa mais forte do ponto de vista físico, e reforçada com César, um trinco improvisado que não vingou e saiu ao intervalo, Manuel Machado empurrou o Feirense para trás desde cedo. O músculo de Washington e a inteligência de Tiago Rodrigues chegavam para a luta do miolo. Os laterais ofensivos, sobretudo Vitor Garcia, à direita, criavam desequilíbrios. E o Nacional dominava.

Ameaçou Hamzaoui cedo, obrigando Peçanha à defesa da tarde, antes de Ricardo Gomes também perdoar em excelente posição. Dois lances que traduziam a tal melhor entrada dos homens do Nacional. Mas, como se disse, o Feirense conseguiu equilibrar. Ganhou força num cabeceamento de Rocha, após canto, que rasou a trave, e cresceu no campo. Esticou o seu jogo, passou a ganhar mais duelos e expôs a fragilidade de César para as funções.

O jogo ameaçava, então, mudar de figurino. O domínio insular era já uma recordação quando veio o lance que desequilibrou de vez a balança e desamarrou os visitantes. Um lance de génio do homem da tarde. Depois da bicicleta de Salvador Agra, contra o Marítimo, a bicicleta de Hamzaoui, contra o Feirense. O Nacional não tem ciclismo, mas, a julgar pelas últimas semanas, seria uma aposta a ter em conta…

Depois do lado artista, Hamzaoui mostra o de matador

É verdade que depois desse golo, sobretudo na primeira parte, o Feirense teve ocasiões para empatar. Semedo, o melhor do miolo da casa, desperdiçou, porém, a mais flagrante, na cara de Rui Silva.

E já no segundo tempo, com Aly Ghazal no lugar de César e o jogo mais controlado, o Nacional deu o golpe final. Os golpes, corrigindo.

Ambos por Hamzaoui. Primeiro, isolado por Salvador Agra, atirou rasteiro e colocado, desviando de Peçanha. Depois, sendo bem mais expedito do que Ícaro, roubou a bola ao central brasileiro e fez o terceiro. Jogo decidido por um homem só.

Com dois golos no espaço de cinco minutos (51 e 55), José Mota não teve poder de reação e, quando mexeu, já perdia por 3-0. Por outras palavras: tinha o jogo perdido quando começou a tentar mudá-lo a partir do banco. Não deu em nada, claro.

Entraram Platiny e Jean Sony, depois Fabinho. Nada resultou. O domínio fogaceiro foi sempre consentido pelo Nacional, a jogar com o tempo e o marcador e, ainda, reduzido a dez por expulsão despropositada de Bonilla, que entrara pouco antes para o lugar do homem do jogo, Hamzaoui. Dois amarelos seguidos, por desobedecer ao árbitro Jorge Ferreira e por palavras. Só não penalizou a equipa porque o jogo estava, no fundo, ganho já há bastante tempo.

Três pontos para o Nacional, que chega aos seis, todos ganhos nos últimos dois jogos. O Feirense tem mais três, mas já soma duas derrotas pesadas em casa, ambas por 0-3, frente a Moreirense e Nacional. Mesmo que, por ora, a posição na Liga seja desafogada, os homens de José Mota terão de pontuar mais no seu reduto. A pena pode ser capital, pois há sempre um Hamzaoui ao virar da esquina.