A redenção de Herrera. Dezassete meses daquele pontapé de canto infeliz que deu o empate ao Benfica no Dragão, o mexicano apontou o tento da vitória na Luz, e também ao cair do pano. 

E se em novembro de 2016 havia ainda muito por jogar na temporada, agora o mexicano faz «xeque» na luta pelo título. O FC Porto venceu o clássico e recuperou a liderança da Liga, a quatro jornadas do fim.

O jogo foi mais intenso do que esclarecido, como se esperava, mas o pontapé do mexicano trocou a ordem no topo da tabela, quando já se faziam contas ao empate.

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No duelo das dúvidas o FC Porto também tinha entrado melhor. Marega foi a jogo, e logo de início, enquanto Jonas teve de acompanhar o clássico da bancada, mas de lá viu Raúl Jiménez entregar-se com o empenho habitual à luta com os centrais. O Benfica entrou mais compacto, a ganhar quase todos os duelos, e assim conquistou (muito) ligeiro ascendente na primeira parte.

Ainda que o encontro nunca tenha fugido muito ao equilíbrio, a equipa de Rui Vitória foi mais perigosa nesta primeira parte, com Iker Casillas a confirmar a tendência para brilhar frente às «águias». Já depois de ter visto um cruzamento-remate de Rafa bater na parte exterior do poste (20m), o guarda-redes espanhol negou o golo a Cervi (23m) e Pizzi (45m). E se o remate do argentino dificilmente podia ter saído melhor, o português tinha tudo para colocar o Benfica em vantagem, mas Casillas segurou o registo de invencibilidade frente ao rival.

Se nos primeiros minutos o FC Porto esteve demasiado dependente das iniciativas de Brahimi, a remar sozinho contra a maré, a subida de produção de Marega aproximou mais a equipa de Sérgio Conceição da acutilância habitual. Só que Bruno Varela não chegou a ser testado na primeira parte, uma vez que Soares (26m), Ricardo (45) e Marega (45m) falharam o alvo.

No início da segunda parte, aí sim, o guarda-redes do Benfica teve de aplicar-se, e bem, ao sair aos pés de Marega para evitar o golo portista.

Ordem invertida, primeiro no jogo e depois na classificação

Mas estava dado aí o sinal para uma etapa complementar em que o ascendente (mais uma vez ligeiro) passou para o lado visitante. A defesa mostrou-se mais segura e o meio-campo também sobressaiu mais, com Sérgio Oliveira a conseguir aparecer mais no jogo.

O Benfica só criou perigo na sequência de um pontapé de canto, com Jardel a atirar ligeiramente ao lado (55m), sendo que pouco depois Brahimi quase fazia um golaço, com um remate em arco que roçou o poste (66m).

Rui Vitória percebeu que tinha perdido o controlo do jogo e por isso lançou Samaris para o lugar de Cervi – Zivkovic passou para a ala e Pizzi a «10» -, mas o Benfica não mais encontrou a estabilidade. A prova disso é que a três minutos do fim o técnico encarnado ainda tentou nova abordagem, juntando Seferovic a Raúl (saiu Pizzi).

No duelo das substituições, Sérgio Conceição foi sempre insistindo, tentando conservar o ascendente. Trocou Sérgio Oliveira por Óliver, Otávio por Corona e Soares por Aboubakar. Não mudou a ideia, procurou frescura. Saiu premiado.

Quando o empate parecia incontornável apareceu Herrera, a virar as contas do título com um pontapé que pode marcar a temporada. Ao minuto 90, como que a fazer questão de dizer que era a redenção do FC Porto-Benfica da época passada, quando «proporcionou» o tento do empate a Lisandro, ao segundo minuto de compensação.

Veja o resumo do clássico: