Por: Sérgio Pires

Figura: Idris

O trinco senegalês é um jogador duro, não é extremamente dotado em termos técnicos, mas é um poço de energia. Esta tarde, além de cumprir o seu papel como tampão do meio-campo boavisteiro, foi particularmente eficaz no aproveitamento de lances de bola parada. Dois cantos (primeiro de Tengarrinha e depois de Brito), dois golos de Idris. A chave do jogo estava na cabeça dele, que procurou o espaço e subiu mais alto que os adversários para fazer a diferença no marcador.

Momento: mais que um golo
O Boavista até estava por cima e com vantagem no marcador, mas aguardavam-se minutos finais complicados. Até que apareceu Afonso Figueiredo para, numa incursão pela esquerda, cruzar para a área e deixar a bola ao alcance de Zé Manuel, que se esticou para de cabeça desviar para o fundo da baliza. Golo! Não um golo qualquer... Mas a sentença de uma partida que garantiu em definitivo a permanência do Boavista na I Liga.

Positivo:
É preciso olhar em perspectiva para os 4324 espectadores que ontem estiveram presentes no Bessa. Considerando o nível de assistências da Liga (exceptuando os três grandes, V. Guimarães e Sp. Braga) e o tempo invernoso da tarde de hoje na cidade do Porto, pode dizer-se que o Boavista até teve uma boa assistência e uma merecida festa pela permanência no final. Outro ponto positivo, além das boas exibições dos boavisteiros Idris, Brito, Zé Manuel ou José Pedro, do lado do Moreirense, foi a entrada em campo de Fary. Aos 40 anos, o veterano capitão boavisteiro entrou, jogou uns minutos e recebeu uma ovação monumental de gratidão pelos longos anos que tem dedicado ao clube.

Negativo:
A actuação de Rui Costa teve lances complicados de analisar e uma polémica com um golo anulado ao Moreirense, logo aos 12 minutos, o que provocou a contestação dos minhotos. O vento e a chuva também prejudicaram o espectáculo, mas ainda assim a partida foi bem disputada. A bola rolou pouco, mas os golos acabariam por aparecer de cabeça.

Outros destaques:

Brito
Pelo flanco esquerdo foi uma seta no ataque do Boavista. Marcou o canto que deu no segundo golo, de Idris, e foi pelo seu corredor que fluiu boa parte do jogo ofensivo das panteras. Só por isso merecia referência, mas, de facto pela velocidade e capacidade de controlo de bola, Brito é um caso à parte nesta equipa do Boavista.

João Pedro
Carrilou o jogo pelo flanco direito, fez a assistência para o golo e protagonizou algumas das melhores oportunidades da sua equipa. O jogo ofensivo do Moreirense passa por ele e, de facto, João Pedro é um jogador com uma qualidade técnica assinalável.