Foram minutos que custaram tanto a digerir como os 20 anos de interregno que distam desde a última presença do União da Madeira entre os maiores do futebol português.

Final verdadeiramente louco na II Liga

Os madeirenses venciam tranquilamente o Oriental, mas de Freamunde chegavam más notícias. O sentimento de impotência tomou conta dos jogadores que estavam no banco de suplentes, entre eles Rúben Andrade, o eterno capitão que saíra mais cedo das quatro linhas, pouco depois de ter assinado o golo da tranquilidade da formação orientada por Vítor Oliveira.

«Até ter saído não tinha a noção do que se passava no outro jogo. Já estava a dar em maluco. Saí dez minutos mais cedo e já tinha entrado num desespero. À ultima da hora a sorte esteve connosco»


Crónica do Oriental-União da Madeira

80 minutos. 85 minutos. 90 minutos. Nada se alterava. Estava cada vez mais iminente aquele sentimento de morrer na praia, depois de uma época desgastante, que começava no Campo Engenheiro Carlos Salema, então invadido por adeptos dos insulares, e só terminava no Complexo Desportivo do Vale Paraíso, onde os restantes sócios, simpatizantes e adeptos, como Dolores Aveiro, acompanharam os últimos minutos da temporada.

Destaques do Oriental-União da Madeira

A boa nova só chegou em tempo de compensação, quando André Carvalhas, na sequência de um livre direto, resgatou um ponto e o título de campeão da II Liga para o Tondela, alterando todo o quadro de subida de divisão e colocando entre os lugares mais apetecíveis o União da Madeira.

Mal a bola tocou as redes de Marco Rocha a alegria invadiu os adeptos dos madeirenses que chegaram, inclusivamente, a entrar em campo. Estava dado o mote para o início dos festejos.


Festejos começaram no relvado do Campo Engenheiro Carlos Salema
 
«Nunca tinha visto nada assim»

Pouco depois finalizavam as partidas e começou-se, então, a preparar uma receção apoteótica no Aeroporto da Madeira. A comitiva aterrou no Funchal perto da 01:00 hora da madrugada e foi recebida por várias centenas de adeptos que enquanto esperavam cantavam «o União voltou».

«O União Voltou»
 

«O União voltou!» As imagens da chegada ao Funchal depois da subida à Liga

Posted by Maisfutebol on Segunda-feira, 25 de Maio de 2015

Entre a multidão estavam os jogadores não convocados, alguns deles confidenciavam espantados com a moldura humana que se juntara na zona das chegadas. «Nunca vi nada assim» e «o ambiente está fantástico» foram algumas das expressões utilizadas pelos jogadores enquanto aguardavam pela saída dos colegas.

Tal como em campo, o primeiro a lançar-se para a área reservada aos festejos foi o avançado Frédéric Mendy, melhor marcador da equipa na II Liga, e que estava verdadeiramente eufórico.

Depois foram saindo os colegas que acabaram engolidos pela multidão.

Vítor Oliveira fica no coração dos adeptos do União da Madeira

«São 17 temporadas de União. Isto não é apenas o meu clube é a minha casa. Também por isso tem mais significado. Fomos fazendo o nosso trabalho, semana após semana, e este acaba por ser o desfecho merecido. Estes adeptos são a nossa força e, por isso, a subida é muito deles», sublinhou o capitão de equipa Rúben Andrade em declarações ao Maisfutebol pouco minutos depois de ter aterrado na Madeira.

A atenção dos adeptos dispersou-se pelos vários elementos do plantel, mas, no final, acabou por centrar-se na figura de Vítor Oliveira que saiu do edifício sob escolta dos adeptos que lhe agradeciam o feito.

«Mister, está no nosso coração. Nunca vou esquecer aquilo que fez por nós e devolver o clube à I Divisão. A partir de agora serei adepto do clube que treinar, desde que não seja contra o União»

 

O ponto final nas festividades foi dado na Câmara Municipal do Funchal, dando origem ao primeiro dia da nova vida do União da Madeira. Pode ainda não haver treinador, pode ainda não haver campo definido, mas há muita vontade de regressar para ficar.