O mote da reportagem da revista alemã 'Sportschau' era a formação que se faz em Portugal, em particular no Benfica e no Sporting. A publicação afirma que, tendo sido pioneiro com a sua academia, o Sporting foi, no entanto, ultrapassado pelo rival, destacando os nomes formados no Seixal e os valores encaixados pelo Benfica, nos últimos anos, com a venda de jogadores.

A entrevista a Roger Schmidt é feita nesse âmbito. O treinador alemão explica o sucesso da formação do clube e descreve o orgulho que os jogadores formados no Seixal sentem ao chegar à equipa principal. E até disse que os jovens têm medo de serem vendidos e sair do clube.

«É um sonho para os jovens jogadores do Benfica jogarem um dia pela equipa profissional. Os jogadores não querem sair, dão tudo por este sonho. Quando chegam à equipa principal, ficam extremamente orgulhosos e ficam, literalmente, com medo de serem vendidos. Eles querem jogar no Benfica», assegurou.

António Silva e João Neves «nem eram conhecidos»

António Silva e João Neves são apontados como os mais recentes casos de sucesso de departamento de formação benfiquista.

Roger Schmidt diz que «todos os anos há jogadores dão um salto». «É uma parte importante do ADN do clube. Jogadores como António Silva e João Neves nem eram conhecidos quando eu comecei», destacou o técnico, para quem «talvez não exista outro clube na Europa que tenha o mesmo sucesso na formação de jogadores de classe mundial».

Schmidt descreve ainda as diversas equipas jovens que o Benfica tem e que facilitam o surgimento de novos valores.

«Há uma equipa sub-19, uma sub-23, uma equipa B que joga na II Liga portuguesa e a equipa profissional. Esse grande número de jogadores aumenta a probabilidade de um ou dois chegarem à principal todos os anos», explicou.

Seis milhões de adeptos

Schmidt falou ainda da grandeza do Benfica, que, assegurou, só se conhece estando dentro do clube.

«Para compreender o Benfica, é preciso ter estado cá uma vez. Dos cerca de dez milhões de portugueses, cerca de seis milhões são adeptos do Benfica. É muito mais do que um simples clube de futebol. Para a maioria dos portugueses, é uma parte importante das suas vidas. Quando um jogador do Benfica é substituído, há um murmúrio que percorre o estádio. Há palmas e vivas, cada ação desse jogador é celebrada. A identificação com o clube é imensa», frisou o técnico germânico.