Bruno de Carvalho e Jorge Jesus estiveram no domingo reunidos durante um longo período para falar do momento da equipa e da forma de reagir aos maus resultados.

O encontro, segundo foi possível saber, decorreu dentro de um clima de grande urbanidade, tendo servido para trocar pontos de vista.

Jorge Jesus não deixou, por exemplo, de manifestar desagrado pelo que aconteceu no fim do jogo no balneário em Chaves, com a presença do presidente que incomodou o plantel.

Já Bruno de Carvalho revelou a Jorge Jesus que pretende introduzir alterações na estrutura do futebol, as quais passam por retirar algum poder ao treinador.

Antes de mais, André Geraldes pode sair com poderes reforçados. Esta é uma alteração que já está a ser preparada há algum tempo, de resto, mas que pode ser acelerada com a necessidade de mudar alguma coisa.

André Geraldes é atualmente o diretor do gabinete de apoio ao futebol profissional, sendo também um homem da confiança do presidente. O jovem, a licenciar-se em gestão do desporto, tem subido dentro da estrutura e é visto como alguém muito competente.

Nesse sentido, pode assumir mais poderes na estrutura do futebol, beneficiando do facto de ser uma pessoa que está sempre perto da equipa e de ser também próximo da administração e do presidente.

Octávio Machado, por outro lado, pode encontrar dentro da estrutura um papel diferente de intervenção pública, mais institucional.

No scouting pode também haver mexidas, particularmente com o chefe do departamento. José Laranjeira é uma pessoa estimada por Bruno de Carvalho, que lhe reconhece qualidades, o que não invalida que esteja em cima da mesa: por isso é possível que seja levado na corrente de alterações, continuando no clube, mas mais próximo da formação.

Estas alterações, porém, estão nesta fase ainda a ser delineadas.

O facto das alterações no scouting estarem em cima da mesa, já indica, no entanto, que a forma como o clube tem feito contratações pode mudar.

Esse é aliás o ponto essencial.

Bruno de Carvalho quer retirar a carta branca do mercado a Jorge Jesus, assumindo ele a decisão final: o treinador será sempre ouvido, tal como a estrutura do futebol, mas a decisão final sobre os jogadores a contratar caberá sempre ao presidente.

Bruno de Carvalho considera que a política de aquisições desta época não foi boa, que o clube gastou muito dinheiro e teve pouco retorno desportivo, pelo que os erros cometidos com jogadores que Jorge Jesus fez questão de contratar não se podem repetir.

Por isso Jorge Jesus deixará de ter total carta branca para por e dispor neste tema.

Por fim, refira-se, Jorge Jesus não tem nesta altura o lugar em risco: nem Bruno de Carvalho nem o próprio Jesus pensam no divórcio. Até porque o treinador tem um contrato muito bom, o que significa grandes perdas de dinheiro para quem tomar a iniciativa da rescisão unilateral.

Jorge Jesus não tem portanto o lugar em risco... para já.

No futebol, já se sabe, mandam os resultados e são eles que tudo impõem. O que significa que tudo pode mudar no futuro. Bruno de Carvalho deixou, porém, muito claro que não aceita mais exibições como a de sábado.