Foi preciso recorrer a um duplo japonês (uma vez mais) para que o Sporting superasse a luta do costume. Uma luta contra si próprio, diga-se. Contra as dificuldades para encontrar alternativas ao jogo exterior, que deixa cair o futebol leonino na previsibilidade, que dá algum conforto aos adversários.

A equipa leonina teima em deixar adormecer os jogos, sobretudo em casa, onde perdeu mais pontos, e a jogar a meio da tarde sentiu-se ainda mais tentada para uma sesta interrompida à cabeçada. Foi de cruzamento que o Sporting chegou ao triunfo, com um golo de João Mário, mas só depois de aumentado o poder de fogo na área, com a entrada de Tanaka, novamente influente.

O Sporting chegou ao intervalo com perto de uma dezena de remates, mas Lee não fez qualquer defesa na primeira parte (Rui Patrício muito menos), o que acaba por ser algo elucidativo das dificuldades leoninas em ataque organizado.

A equipa da casa até criou algumas boas ocasiões, neste período, mas três delas nem chegaram à baliza: um remate de Carrillo que foi contra Fernando Alexandre (2m), um de William intercetado por Capela (34m), e uma jogada em que Nani descobre Carrillo na área e este tenta servir Montero, mas o mesmo Capela aparece pelo meio e corta (12m).

A melhor ocasião leonina da primeira parte foi, por isso, um cabeceamento de Montero por cima, após cruzamento da direita, num lance em que o colombiano podia ter feito melhor (8m).

As inúmeras tentativas com remates de longe, pouco ou nada incomodativas para Lee, foram também um sinal das dificuldades do Sporting para encontrar alternativas ao jogo exterior. Sem nunca conseguir entrar pela zona central, a equipa de Marco Silva limitava-se a mudar o jogo de um flanco para o outro, mas permitindo à Académica que oscilasse de forma algo tranquila, cómoda até.

Tanaka volta a ser influente

Talvez por ter estado 45 minutos sem incomodar Lee, o Sporting decidiu testar a atenção do guarda-redes da Académica logo no pontapé de saída da segunda parte, com um remate de William, de meio-campo.

A verdade é que, mesmo com um remate perigoso de Adrien pouco depois (53m), o Sporting transportou para a segunda parte as mesmas dificuldades. Isto até à dupla substituição realizada por Marco Silva ao minuto 66.

Com Carlos Mané no lugar de Carrillo, mas sobretudo com Tanaka a juntar-se a Montero no ataque (saiu Adrien), a equipa leonina baralhou a organização defensiva da Académica, e acabou por chegar ao golo dez minutos depois.

Para além da dupla de avançados também João Mário decidiu aparecer na área após cruzamento de William, criando uma situação de superioridade numérica que foi fatal para os centrais da Académica. Lee ainda defendeu o primeiro cabeceamento de Tanaka, mas depois João Mário marcou mesmo.

E se até então a Académica tinha sido completamente inofensiva em termos ofensivas, estranho seria ver isso alterar-se nos minutos finais, ainda que o nervosismo sportinguista tenha dado, aqui e ali, alguma esperança à formação visitante.