*por Rui Almeida Santos

O Estoril arrancou a Liga com uma vitória, em Arouca, por 2-0, com golos de Franco e Meshino, a abrir e a fechar o encontro, respetivamente.

A maior clarividência dos estorilistas ajuda a explicar o desfecho, num jogo ainda assim equilibrado, no qual os arouquenses também tiveram bons momentos.

Há sensivelmente um ano, Arouca e Estoril abriam, no Estádio Coimbra da Mota, a Liga 2, da qual acabariam promovidos, meses mais tarde, à Liga. E se para um adepto mais desatento este poderia ser visto como “mais um jogo”, para quem acompanhou o segundo escalão ao longo da época passada a expectativa seria muito mais elevada para um duelo entre duas equipas com ideias de jogo bem vincadas, assentes no controlo da posse, numa boa organização defensiva e na construção criteriosa de cada ataque.

Neste “remake” de abertura do campeonato, desta feita com o Municipal de Arouca como palco, os técnicos, Armando Evangelista e Bruno Pinheiro, estavam privados do central goleador João Basso e do cerebral Miguel Crespo, respetivamente, ambos por castigo.

Duas baixas de peso, com mais impacto numa fase inicial nos arouquenses, que sentiram dificuldades para travar a entrada a todo o gás do adversário, capitalizada com o golo madrugador de Franco.

O virtuoso atacante estorilista cabeceou para defesa apertada de Victor Braga, só que a bola acabaria por ultrapassar a linha de golo por escassos centímetros.

O Arouca procurou responder de pronto. Subiu linhas, tentou pressionar com mais vigor a saída de bola do Estoril, e por pouco não empatou aos 10 minutos, com André Silva a obrigar Dani Figueira a aplicar-se.

Bruno Pinheiro percebeu que o adversário crescia no jogo e, nos momentos em que não tinha a bola, baixou Gamboa para junto dos dois centrais.

O Estoril voltava a respirar e podia ter ampliado a vantagem aos 24 minutos, quando André Clóvis, isolado por Franco, atirou para defesa apertada de Victor Braga. Pouco depois, o mesmo Clóvis chegou atrasado a um cruzamento perigoso.

Ainda assim, era o Arouca quem ia crescendo no jogo, pese embora a dificuldade em penetrar na boa organização defensiva adversário. Até ao intervalo, só uma hesitação de Dani Figueira, que foi um autêntico líbero na construção de jogo a partir de trás do Estoril, causou algum frisson.

Armando Evangelista sentia que o jogo precisava de algo diferente e, ao intervalo, deu mais amplitude ofensiva ao flanco esquerdo, com a entrada do lateral Quaresma, e trocou o desinspirado Eugeni por Pité.

A tentativa de mudança foi reforçada com a saída do central Aloé para a entrada do médio ofensivo Or Dasa, a meio do segundo tempo.

No jogo dos bancos, Bruno Pinheiro respondeu com a entrada de Francisco Geraldes e o jogo do Estoril voltou a reluzir.

O médio deu outra clarividência ao meio-campo estorilista e esteve na origem de duas perdidas de Franco, que nesta altura já mostrava algum défice físico. O Arouca metia mais gente no ataque, mas abria espaços atrás que iam sendo aproveitados pelo adversário para criar perigo.

Apesar de alguns calafrios, Armando Evangelista conseguiu o primeiro dos seus propósitos, acercar-se com mais perigo da baliza adversária, mas faltou maior capacidade aos seus avançados no momento de finalizar.

E quando o conseguiu, o recém-entrado Adílio viu um golo ser-lhe anulado, aos 84 minutos, por fora de jogo, na sequência da melhor jogada dos arouquenses em todo o jogo. Na compensação, Pité correu meio campo com a bola, mas rematou à figura de Dani Figueira.

O 1-0 teimava em manter-se. O Arouca arriscava tudo para o contrariar, mas acabou por sofrer o segundo golo no último minuto da compensação, por Meshino, num belo lance individual.

O Estoril entra a vencer na Liga e confirma tudo o que de bom se vinha falando sobre ele. Do Arouca, ficam algumas ideias positivas, a comprovar nos próximos jogos.