Dizer que este jogo não teve história não só fica mal pelo recurso ao chavão, mas, especialmente, fica mal porque este jogo teve um ator principal chamado Jonas. O nº17 do Benfica não faz toda a história deste Benfica-Belenenses da Liga 2015/16, claro, mas a história do jogo gira à sua volta.

Que jogaço, que grande primeira parte (e não só) de Jonas. Na direita, ao meio, na esquerda. A Jogar, a fazer jogar, a assistir (primeiro), a marcar (depois, por duas vezes, merecidamente) e a voltar a assistir. A renovação de contrato de Jonas com o Benfica não podia ter melhor epílogo.

Benfica-Belenenses, 6-0

Sá Pinto montou uma equipa a pensar muito em estancar a esperada intensidade ofensiva dos da casa. O Belenenses apresentou-se na Luz sem um ponta de lança, ora jogando num 4x2x3x1 quando na posse de bola ora variando para um 4x2x4 quando defendia. A disposição (muito) defensiva não só produziu (muito) pouco ofensivamente, como falhou, em especial, pela falta de acerto do setor mais recuado, a defesa.

Não é demérito para o Belenenses. Foi mérito do Benfica. Que começou o jogo da melhor maneira. Que marcou cedo. Que arrancou para uma vitória tranquila. E com bom futebol pelo meio. Quando o Belenenses ainda ia tendo (aparentemente) mais bola e o jogo ia tendo muitas faltas, o Benfica chegou à vantagem no seu primeiro ataque: Jonas apareceu, pela primeira vez a sério, a cruzar largo para Mitroglou faturar.

Rui Vitória montou a sua equipa para jogar com alegria nesta sexta-feira. E houve alegria, muita festa na Luz. O Benfica marcou cedo e arrancou para uma exibição segura e premiada com golos – tantos golos... Mas tão segura que, mesmo a ganhar por 3-0, todos defendiam numa bola parada do Belenenses – as únicas ocasiões em que a equipa do Restelo chegou «lá à frente». Ou pelo primeiro remate, já aos 35 minutos…

Entretanto, o Benfica de Vitória teve Mitroglou a cumprir a sua missão de «matador» e Jonas a encher o campo, com as habituais pinceladas geniais de Gaitán, também a fugir pela direita, numa disposição com bastante mobilidade dos benfiquistas mais avançados. A jogar bem, perante um Belenenses defensivo desacertado defensivamente – com muitos erros para corrigir, já noutro jogo – o Benfica chegou de forma confortável ao 3-0 – duas vezes Jonas.

Mais do mesmo, mas com mais alegria

Sá Pinto meteu finalmente um ponta de lança ao intervalo, Luís Leal até obrigou logo Júlio César à sua primeira defesa, apertada, por sinal. Mas foi um canto de cisne para os azuis. Novos cinco minutos de jogo e, aos 50, Mitroglou apareceu outra vez a marcar. O grego não se mostra muito. Mas aparece a marcar. Foi um facto.

O segundo tempo estava ao jeito de Talisca e Gonçalo Guedes mostrarem por que Rui Vitória apostou neles para o onze. O treinador do Benfica continuou a dar-lhes minutos. Guedes até se tinha mostrado um pouco mais em jogo, mas foi o brasileiro a largar a «bomba» da noite para dentro da baliza de Ventura. A espaços Guedes e Talisca tiveram um jogo tranquilo para terem oportunidade.

Jardel, já mais habituado a estas andanças da titularidade ao lado de Luisão, voltou a ocupar o «seu» lugar e sem grandes problemas provocados por um adversário dominado desde cedo.

Antes de Talisca fazer a meia dúzia, já Jonas tinha lançado de calcanhar Gaitán para o golo do argentino. Antes do quinto, já Sá Pinto tinha esgotado as opções de ataque com a entrada de Camará. Sem qualquer mudança na produção... Aos 6-0, Vitória pôde continuar a dar mais tempo aos menos utilizados, como Raúl Jiménez (Mitroglou), Nuno Santos (Gaitán) ou Pizzi (Jonas). Com este resultado, dando descanso aos melhores e oportunidades aos restantes, o resto foi continuar com a alegria...