Com o penálti de William Carvalho ao Belenenses, o Sporting conseguiu, pela quarta vez nesta temporada, arrancar uma vitória tangencial para a Liga nos últimos minutos de um jogo. O mote foi dado em Aveiro, logo na primeira jornada, com o Tondela, e com Adrien a converter nos descontos a grande penalidade que deu a vitoria aos leões (2-1). A história prosseguiu em Alvalade, à 5ª jornada, com Fredy Montero a sair do banco para marcar, aos 86 minutos, o único golo dos leões diante do Nacional. Mais recentemente, em Arouca, Slimani estava no sítio certo para, ao bater do minuto 90 marcar o golo da vitória, instantes depois das expulsões de Naldo e Lito Vidigal.

Desta vez, foi uma mão de Tonel, já no período de descontos, a dar pretexto à estrelinha de JJ, confirmada por William Carvalho numa altura em que já não estavam em campo nem Adrien nem Montero, dois marcadores habituais de penáltis.



Curiosamente, o Sporting até tem resolvido boa parte dos jogos para a Liga antes do intervalo: o leão garantiu vantagens decisivas no primeiro tempo dos jogos com Académica, Rio Ave, V. Guimarães e Benfica. E dos 20 golos que marcou na prova, 11 foram conseguidos na primeira parte. No entanto, quando o jogo chega em branco aos últimos minutos, a estrelinha tem aparecido com frequência – a única exceção foi o jogo do Bessa, única partida doméstica em que o leão ficou em branco.

Dado curioso, entretanto, é que nestes três meses e meio de Jorge Jesus o Sporting já arrancou mais vitórias a ferros para a Liga – isto é, com golos decisivos a partir do minuto 85 - do que nas épocas completas de Marco Silva (duas) e Leonardo Jardim (três). Mais curioso ainda, o técnico leonino está a ter mais estrelinha desde que trocou a Luz por Alvalade: se olharmos para os seus registos na Liga desde que chegou ao Benfica, veremos que Jorge Jesus somou apenas seis vitórias pela margem mínima entre 2009 e 2015, nunca tendo mais de duas na mesma época.



Foi assim na temporada de estreia, em 2009/10, quando o Benfica se impôs em Guimarães com um golo de Ramires e, depois, em casa, perante a Naval, com um de Javi Garcia. Na época seguinte, apenas registo para uma situação dessas (2-1 ao Marítimo na Luz, com golo de Coentrão nos descontos). Em 2011/12, o mesmo registo solitário (2-1 ao Sp. Braga, com golo de Bruno César) tal como em 2012/13 – ano em que o Benfica acaba por perder duas competições com golos nos descontos, diante de FC Porto e Chelsea. Finalmente, em 2013/14, a obra-prima das reviravoltas de Jesus, com o Benfica a perder em casa com o Gil Vicente, à entrada do minuto 90, mas a sair com os três pontos, graças a golos nos descontos de Markovic e Lima.

Tudo somado, e porque em 2014/15 não houve qualquer triunfo de aflitos, seis vitórias em seis épocas, um registo que não é particularmente impressionante, ao contrário do que aconteceu com estes quatro triunfos sobre a meta, que representam, na prática, oito pontos recuperados ao cair do pano.

Sporting: o melhor arranque dos últimos 25 anos

Com o triunfo frente ao Belenenses, o Sporting garantiu a liderança isolada da Liga, aconteça o que acontecer na visita do FC Porto à Madeira, para o jogo em atraso com o União. Ora o Sporting já não atingia este estatuto à 11ª jornada desde há 25 anos: nem sequer nas épocas em que conquistou o título – em 1999/2000 e 2001/02 – quando estava no segundo lugar, atrás, respetivamente, de Boavista e Benfica.

É verdade que nos últimos 25 anos o Sporting já tinha tido três situações de liderança partilhada à 11ª ronda – em 2013/14, em 1994/95 e em 1993/94 – mas é preciso recuar até 1990/91 para encontrar um leão sozinho na frente nesta fase. Nessa época, cm Marinho Peres ao comando, o Sporting ganhou nas 11 primeiras jornadas, cedendo um empate à 12ª, em Chaves. Só à 14ª jornada, com a derrota nas Antas, se inverteu a tendência e a liderança passou para o FC Porto. A partir daí o leão entrou em queda livre, e acabou a época no erceiro lugar, sem qualquer título conquistado.

Se considerarmos os 29 pontos que a equipa de Jorge jesus conseguiu até agora, estamos em presença de um dos melhores arranques de Liga dos últimos 25 anos: desde esse início perfeito de Marinho Peres, só o FC Porto de André Villas-Boas conseguiu melhor do que JJ, em 20010/11, chegando a esta fase com 31 pontos (dez vitórias e um empate).

Líderes à 11ª jornada

2015/16: Sporting, 29 pontos
2014/15: Benfica, 28
2013/14: Sporting e Benfica, 26
2012/13: Benfica e FC Porto, 29
2011/12: FC Porto e Benfica, 27
2010/11: FC Porto, 31
2009/10: Sp. Braga, 28
2008/09: Benfica, 25
2007/08: Benfica, 25
2006/07: FC Porto, 28
2005/06: Sp. Braga, 26
2004/05: FC Porto e Benfica, 22
2003/04: FC Porto, 29
2002/03: FC Porto, 27
2001/02: Boavista, 25
2000/01: FC Porto, 28
1999/2000: Benfica, 23
1998/99: Boavista, 27
1997/98: FC Porto, 27
1996/97: FC Porto, 29
1995/96: FC Porto, 29
1994/95: FC Porto e Sporting, 19*
1993/94: Sporting, FC Porto e Benfica, 17*
1992/93: FC Porto, 18*
1991/92: V. Guimarães, 18*
1990/91: Sporting, 22*

* Dois pontos por vitória

Benfica: Vitória fez melhor que Jesus em Braga

No jogo que fechou a jornada, o Benfica conseguiu a segunda vitória fora de portas na época em curso, fechando uma semana que tinha começado da pior maneira, com a derrota no dérbi, mas que melhorou com a jornada de Champions e o apuramento para os oitavos de final, em Astana. Em Braga, palco tradicionalmente difícil, onde Jorge jesus tinha vencido apenas duas vezes em oito tentativas, a equipa de Rui Vitória conseguiu algo que o seu antecessor não lograra, vencer por mais de um golo de diferença. O último técnico do Benfica a conseguir tal feito tinha sido Quique Flores, na época 2008/09 (1-3), diante de um Sp. Braga treinado… por Jorge Jesus. O jogo acabou por servir de passagem de testemunho entre o espanhol, de saída, e aquele que viria a tornar-se o futuro recordista de jogos e títulos na Luz.