O Oriental quer ser indemnizado em mais de um milhão e cem mil euros no âmbito do processo «Jogo Duplo», processo que teve, esta quinta-feira, a primeira sessão de julgamento por suspeitas de viciação de resultados no futebol, que implica 27 arguidos, oito deles jogador do clube na época 2015/2016.

O clube constituiu-se assistente no processo e o seu agora ex-presidente, José Nabais, foi inquirido esta tarde no Campus da Justiça, em Lisboa, na qualidade de testemunha.

Perante o coletivo de juízes, Nabais contou que, à data dos factos e após o jogo com o Leixões, quando faltavam três jornadas para o fim da II Liga, foi abordado pelo empresário Paulo Ventura, que lhe transmitiu existir «desconfiança» de que poderia haver uma «situação menos clara» com o jogador Diego Tavares, para «facilitar os interesses» de clubes na luta pela subida ou pela fuga à descida de divisão.

Perante a denúncia, Nabais afirmou ter dado indicações à equipa técnica de então, liderada por Jorge Andrade, de que Diego Tavares não jogaria a última jornada da II Liga contra o Atlético: recorde-se que o Oriental venceu esse jogo por 3-2, resultado insuficiente para a equipa lisboeta garantir a manutenção.

Segundo o despacho de acusação do Ministério Público (MP), entre agosto de 2015 e 14 de maio de 2016, os arguidos «constituíram um grupo dirigido à manipulação de resultados de jogos das I e II ligas de futebol para efeito de apostas desportivas internacionais”, envolvendo empresários asiáticos, nomeadamente da Malásia. O MP sublinha que os arguidos terão recebido quantias «não inferiores a cinco mil euros» e lucrado com apostas cujos resultados «sabiam de antemão».

Para os jogadores, o MP quer penas de seis meses a cinco anos de suspensão sem jogar nas ligas profissionais, Campeonato de Portugal, Taça de Portugal e da Liga. Para os treinadores, é pedida uma pena acessória «por período não inferior a cinco anos e dois anos» e, para dirigentes, por um período não inferior a três anos. Para a SAD do Leixões, única indiciada no processo, propõe-se a proibição de participação nas I e II ligas nacionais «por um período não inferior a três anos», durante o qual também não receberia subsídios estatais.

As próximas sessões do julgamento estão marcadas para 8 e 22 de março.

Entre os 27 arguidos, há três ainda sujeitos a prisão domiciliária: Carlos Silva, conhecido como Aranha e elemento da claque Super Dragões, Gustavo Oliveira, empresário e Diego Tavares.e