A FIGURA: Júlio César

Pela segunda semana consecutiva, o melhor do Benfica foi o guarda-redes. Para além de um notório elogio às qualidades do brasileiro é um aviso: a defesa encarnada não tem o acerto de outros tempos. Sem hipóteses no golo de Roberto, Júlio César evitou outros. Só na primeira parte, por exemplo, ganhou por duas vezes o duelo que perdera com o avançado do Arouca na primeira tentativa. Deteve ainda um livre de Lucas Lima, um remate traiçoeiro de Nuno Valente, já no segundo tempo, e saiu aos pés de Maurides, destemido, evitando o remate. Quando o seu leque de intervenções é deste calibre, fica difícil não ser o melhor em campo…

O MOMENTO: passadeira vermelha para a liderança

Minuto 3. Boa jogada do Arouca, é certo, mas o que salta a vista no lance do golo de Roberto, que decidiu o jogo, e a passividade da defesa encarnada. Nélson Semedo mal posicionado, Luisão pouco agressivo sobre David Simão, que agradeceu e isolou o companheiro. Nasceu ali o inesperado líder isolado da Liga.

OUTROS DESTAQUES

ROBERTO

Marcou à primeira, falhou as restantes. Esteve duas vezes na cara de Júlio César, com um índice de aproveitamento que ficou pela metade. Isolado por David Simão, cobrou um penálti em movimento e adiantou, surpreendentemente, o Arouca, na fase madrugadora. Minutos depois, permitiu a defesa ao brasileiro, algo que se repetiu, após canto, ainda na primeira metade. Entrou no segundo tempo novamente a mostrar-se, fugindo a Lisandro mas errando um desvio à boca da baliza.

BRACALLI
Se Júlio César brilhou novamente na baliza encarnada, o compatriota do Arouca também deu boa conta de si. Duas defesas complicadas em remates de longe de Pizzi e um golpe de rins que evitou que Mitroglou festejasse. Isto, apenas na primeira parte.

NUNO COELHO
O Arouca passou mais tempo a defender do que a atacar, como seria expectável, e a ajuda do médio aos centrais foi decisiva, dado o esquema de dois avançados dos encarnados. Coelho, que jogou muito tempo adaptado a central no Arouca de outros tempos, puxou pelas memórias para der um terceiro homem no centro da defesa. E foi limpando o que por lá apareceu, com relativa tranquilidade.

GAITÁN
O início terrível do Benfica teve final quando Nico Gaitán entrou no jogo. Depois de dez minutos longe das decisões, o argentino deu o mote à equipa com um remate que não errou por muito o alvo. E o Benfica cresceu. Às suas costas, como, de resto, costuma ser. É por isso que, se não ficar no Benfica, Rui Vitória terá bem mais problemas do que agora. Ainda assim, o desempenho no segundo tempo foi bem mais inconstante, apesar de um remate que não passou nada longe do ferro de Bracalli. Os nervos da equipa passaram também para o seu pé e não conseguiu trazer a lucidez que se pedia. Os craques (também) são assim: bons, mas não dão para tudo.

NELSON SEMEDO
Muito melhor a atacar do que a defender. Tentou compensar na área contrária os deslizes que teve na sua. Como no golo de Roberto, quando o seu mau posicionamento deu ao rival o espaço necessário para marcar. Aliás, Luisão várias vezes corrigiu a posição do jovem lateral em campo. As dores de crescimento são normais e vai atenuando com o que faz na frente. Marcou na semana passada. Nesta, isolado por Samaris, atirou por cima.

LISANDRO LOPEZ
Tenta fazer esquecer Jardel enquanto o brasileiro recupera. Dois cortes preciosos na primeira parte, na sua área, o segundo compensando a defesa para a frente de Júlio César, a livre de Lucas Lima. Um erro visível, sem influência: deixou fugir Roberto no início do segundo tempo mas o avançado não acertou na bola a um metro da baliza.

VICTOR ANDRADE
Mexeu com o jogo, algo que Carcela e Jimenez não conseguiram. Está confiante depois da promissora estreia da semana passada e nota-se na forma como assume o jogo. Bem mais ativo do que Ola John, o brasileiro esteve perto de marcar num remate que sofreu um desvio num defensor do Arouca e quase traiu Bracalli.