Por Adérito Esteves

«Os pontos para nós são ar, fazem-nos falta.» Numa frase dita na antevisão da partida, Vítor Paneira resumiu o sentimento das duas equipas em confronto. Após uma primeira parte pouco inspirada de ambas as equipas, a expulsão de Kaká estrangulou os desejos dos tondelenses.
 
As equipas dividem os pontos, num jogo que foi também ele muito dividido. A primeira parte com mais Moreirense e a segunda com (muito) mais Tondela, que voou na velocidade e criatividade de Baldé. O resultado penaliza mais o Tondela que, quando quis, procurou mais a vitória. A derrota seria, porém, uma penalização demasiado severa para o Moreirense.
 
Em Tondela, defrontaram-se dois dos últimos classificados. A equipa da casa com três pontos, fruto da vitória no seu estádio diante do Nacional (1-0), e o Moreirense com dois, resultado dos empates diante do FC Porto, na jornada anterior, e na Madeira, no terreno do União.
 
Com ambas as equipas a precisar de pontos como de ar para respirar, a entrada no jogo fez-se… com pouco fôlego. Talvez a denotarem algum nervosismo e receio de errar, ambos os conjuntos mantiveram as linhas sempre muito juntas, mas sem rasgo.
 
A preocupação era mais a de fechar espaços ao opositor, do que construir jogo de forma a chegar à área contrária. E seria numa falha de posicionamento que surgiria o primeiro golo da partida.
 
Trabalho individual de Iúri Medeiros na direita, Kaká a dar demasiado espaço a Rafael Martins que, de pé esquerdo, bateu um desamparado Matt Jones que nem se fez ao lance, talvez porque não tenha visto a bola partir.
 
Quem esperava que os tondelenses respondessem de pronto, bem se enganou. A apatia do conjunto de Vítor Paneira pareceu até ter-se acentuado, o que fez surgir alguma contestação nas bancadas.  
 
Baldé(s) de atitude após o intervalo
 
A reposta do Tondela começou no seu treinador. Vítor Paneira mostrou o descontentamento com a primeira metade apagada, fazendo entrar Baldé e Wagner para os lugares de Guzzo e Murillo.
 
A mensagem da necessidade de assumir o jogo chegou rapidamente aos jogadores, muito à custa de um inspiradíssimo Baldé. O extremo assumiu quase sozinho as despesas do jogo e foi para cima dos oponentes.
 
Foi assim que surgiu o golo do empate, aos 50 minutos. Numa espécie de «Baldé contra o mundo», número 45 do Tondela arrancou do meio-campo, passou por vários adversários e, quando parecia que o seu esforço ia ser infrutífero, ainda conseguiu dar um último toque na bola, encaminhando-a para a baliza, e fazendo as bancadas do João Cardoso voltar a celebrar mais de um mês depois da última vez.
 
Logo no início da segunda parte, o Tondela já tinha uma respiração menos ofegante, mas queria respirar fundo. E a verdade é que o segundo tempo pertenceu quase sempre à equipa da casa. A resposta do Moreirense foi pálida. A única vez que se conseguiu aproximar com perigo da baliza contrária, Rafael Martins viu Matt Jones negar-lhe as intenções com uma mancha muito eficaz.
 
De forma a mostrar que queria ainda mais, Paneira arriscou tudo, na última substituição, com a saída de Nuno Santos, defesa-esquerdo e entrada do avançado Nathan.
 
Mas o garrote nas aspirações tondelenses viria logo a seguir. Num lance disputado longe da área e sem um perigo claro para a sua baliza, Kaká travou Palhinha com uma entrada muito dura e viu o cartão vermelho directo.
 
E esse foi o derradeiro suspiro na luta pela vitória. Até ao final, o Tondela defendeu, queimou tempo e acabou a festejar a conquista de um precioso ponto, quando andou grande parte da segunda parte à procura de três.