A campanha do Cádiz na La Liga é paradigmática entre os principais campeonatos europeus. O antepenúltimo da Liga espanhola marcou, apenas, 15 golos nas 25 jornadas disputadas. Sintoma dessa «seca» está espelhado nos 40 remates desferidos nos últimos oito jogos, que apenas resultaram num golo, de penálti.

Apesar do contexto pouco animador, os «amarelos» da Andaluzia, que não vencem desde setembro, alimentam esperanças quanto à manutenção, uma vez que estão a três pontos do Celta de Vigo.

Em Espanha, apenas o Logroñes, em 1994/95, registou pior veia goleadora nesta fase da Liga. Eram, somente, nove os golos marcados.

Antes de Portugal, o raio-x pela Europa

Ao comparar estes números do Cádiz com os principais campeonatos europeus, apenas encontrará réplica no Colónia, 16.º classificado da Bundesliga, em posto de play-off manutenção. Em todo o caso, os alemães levam 22 jornadas disputadas, menos três face ao Cádiz.

A «regra» parece evidente: menos golos são sinónimo de lugares de despromoção. Em França e nos Países Baixos, os lanternas vermelhas Clermont e Vitesse marcaram 16 golos em 22 jornadas.

Em sentido idêntico estão os ingleses do Sheffield United (22 golos em 25 jornadas), os turcos do Instabulspor (20 golos em 26 jogos), os belgas do Kortrijk (18 golos em 26 partidas) e os gregos do Giannina (20 golos em 23 jornadas).

Curiosamente, os italianos – rotulados por defender mais do que atacar – escapam a esta «norma». O Empoli tem o pior ataque da Serie A, com 19 golos ao cabo de 25 jogos, mas é 16.º classificado, com dois pontos de vantagem sobre o Hellas Verona, a primeira equipa abaixo da linha de água.

Por Portugal, apenas Rio Ave e Académica contrariaram tendência

Na antecâmara da 23.ª jornada da Liga, Casa Pia (12.º) e Vizela (18.º e último) registam o pior ataque, com 20 golos. Desde o virar do século, a escassa veia goleadora é «pecado capital» – como aconteceu, por exemplo, com o Paços de Ferreira, em 2004, quando os «castores» caíram para os lugares de descida nas últimas semanas.

Em todo o caso, já várias equipas conseguiram a proeza de garantir a manutenção, apesar da «seca» ofensiva 22.ª jornada.

Em 2005, a Académica de Coimbra registava 16 golos e ocupava o penúltimo lugar. Todavia, um «milagre» nas derradeiras jornadas valeram aos «estudantes» a manutenção, terminando no 14.º lugar, com quatro pontos de vantagem sobre a linha de água.

Quatro anos mais tarde, em 2009, o Rio Ave foi o pior ataque, com 20 golos – e levava 14 no término da 22.ª jornada – mas foi 12.º, com sete pontos de vantagem sobre o Trofense, a única equipa a descer para a II Liga nessa temporada.

Mas, à atenção do Casa Pia, ser o pior ataque nesta fase do campeonato poderá ser um alerta final sobre o desfecho da época, até porque os «gansos» guardam apenas dois pontos de vantagem sobre o Rio Ave, que segue em lugar de play-off de manutenção. Quanto ao Vizela, ser lanterna vermelha é aviso suficiente.

Aquando do fim da 22.ª jornada da Liga, desde 2000, os piores registos ofensivos pertencem a Belenenses (10 golos em 2010), Vitória de Guimarães (13 golos em 2006), Vitória de Setúbal (15 golos em 2000), e Estrela da Amadora e Paços de Ferreira (15 golos em 2004).