Raul Jimenez vem em passo acelerado mas nem hesita quando, na zona mista do Estádio Luzhniki, se lhe grita Raul, para Portugal. O mexicano está na Rússia, antes de viajar para Inglaterra, mas parte do coração dele ficou em Lisboa.

Por isso, e por entre vários jornalistas que o chamam, dá uma curva no caminho para falar connosco.

Corona, por exemplo, hesita. Quando ouve o mesmo Corona, para Portugal, o extremo do FC Porto sorri, abranda o passo, mas segue em frente, enquanto Giovanni dos Santos lhe diz vai lá, para Portugal. Provavelmente por vir em grupo, acaba por passar pela zona mista sem falar.

Jimenez não. Pára logo.

De sorriso nos lábios, responde a uma, duas, três, quatro, cinco perguntas sobre o Benfica. Sempre com um enorme carinho. Sem se lhe notar ponta de mágoa nesta altura em que já sabe que vai ser emprestado ao Wolverhampton, provavelmente para nunca mais voltar ao Estádio da Luz.

«Alguns colegas felicitaram-me pela mudança para Inglaterra e deram-me os parabéns. Estou feliz por isso. Apesar de sair do Benfica, sinto que todos os companheiros me apoiam e estão comigo.»

Nesta entrevista ao Maisfutebol e ao Expresso, Raul Jimenez garante que leva com ele três anos muito bons, vários títulos e muitos amigos que ficam a torcer por ele.

«Não, não saio com nenhuma mágoa. Tudo bem, tudo tranquilo. Os três anos que passei no Benfica foram muito bons, ganhei títulos, fiz grandes amigos e isso é que conta. É isso que levo de Lisboa», sublinha.

«Estive a ler alguns comentários de adeptos do Benfica nas redes sociais, que me deixaram de coração cheio. Significa que os três anos que passaste no clube e durante os quais te entregaste de alma e coração serviram para que os adeptos gostem de ti, tenham carinho por ti e te desejem o melhor. Isso enche-me de alegria e dá-me força para continuar a lutar e querer mais.»

Raul Jimenez garante de resto que, mesmo à distância, vai continuar a torcer pelo Benfica. O avançado mexicano elogia a estrutura encarnada e diz que é uma questão de tempo até o clube voltar a ser campeão, como foi quatro vezes nos últimos cinco anos.

«Espero que o Benfica volte a ganhar sem o Raul Jimenez. Que comecem um novo ciclo de vitórias. Desejo-lhe toda a sorte do mundo para a nova temporada.»

Virando depois a mira para o futuro, Raul Jimenez sorriu perante a evidência de mudar de país mas continuar a ser orientado por um treinador português. Na circunstância Nuno Espírito Santo.

«É verdade, vou continuar a ter um treinador português. A parte boa é que já levo três anos a praticar a língua portuguesa, por aí vai ser mais fácil», referiu.

«Mas antes disso vou concentrar-me no Mundial e no que podemos fazer aqui. Estamos muito contentes e entusiasmados com esta grande equipa que temos. Fizemos um grande jogo, mas isto é só o início do que queremos e do que podemos fazer neste Mundial.»

O triunfo sobre a Alemanha, num grande jogo de futebol, provavelmente num jogo que fica para a história dos Mundiais, encheu o México de ilusão.

«Temos de ir tranquilos, devagarinho, passo a passo. Agora temos de nos concentrar no próximo jogo, frente à Coreia, porque todos os adversários vão ser complicados. Mas creio que se todos remarmos para o mesmo lado podemos chegar muito longe. Acredito que vamos conseguir», frisa.

«Isto não era o Estádio Azteca, mas parecia. Foi um jogo muito bonito, em que desde o momento em que saímos para aquecer fomos muito apoiados, notou-se que estávamos em maioria e ficámos muito comovidos pelo carinho que recebemos dos mexicanos.»

Jimenez fez questão, por fim, de deixar uma palavra de apreço pelo trabalho do colombiano Juan Carlos Osorio: parte do sucesso do México, garante, está no trabalho do selecionador.

«Juan Carlos Osorio é um perfecionista. É um apaixonado pelo futebol, analisa muito bem todos os adversários e vai ao detalhe em todos os aspetos. É como um pai para nós, cria um ambiente familiar e estamos todos muito contentes com ele e por estarmos juntos.»