O Benfica passou pelo Moreirense (0-1), primeiro obstáculo na reta final de um campeonato que pode ser discutido taco a taco. É essa a esperança do FC Porto, principal perseguidor, mas Mitroglou segurou a liderança numa exibição mediana do líder. Fraca até.

Setúbal, Braga, Santa Maria da Feira, Paços de Ferreira, hoje Moreira de Cónegos. 1-0, 0-1, 0-1, 0-0 e 0-1. As deslocações do tricampeão nacional nesta segunda volta da Liga têm acarretado dificuldades máximas e colocam a nu algumas fragilidades que o Benfica não consegue disfarçar. Foi cumprido o objetivo, ainda assim, e nada mais parece importar nesta fase da competição.

DESTAQUES: Frieza de Mitroglou mantêm águias no topo

Rui Vitória trocou Eliseu e Samaris por Grimaldo e Fejsa, na ressaca do empate no clássico frente ao FC Porto (1-1). A formação encarnada manteve a vantagem sobre o principal rival e, a meio da semana, contentou-se com outra igualdade, frente ao Estoril, para garantir a presença na final da Taça de Portugal.

No final de um ciclo intenso, a direção do Benfica anunciou as renovações de contrato com o treinador e Luisão, capitão de equipa. Foi o ponto de partida para a reta final do campeonato, em que os encarnados gerem um ponto à maior sobre o FC Porto e procuram combater a expectativa azul e branca de um tropeção pelo caminho.

O líder não tropeçou em Moreira de Cónegos, por exemplo, e essa é a melhor notícia para os adeptos do Benfica no final de uma noite em que, diga-se em abono da verdade, voltou a jogar pouco. A exibição de qualidade no clássico não teve sequência.

O Benfica foi aliás feliz na forma como manteve a vantagem no reduto da primeira equipa acima da linha de água na tabela classificativa da Liga. Este Moreirense perdeu qualidade com os regressos de Francisco Geraldes e Daniel Podence ao Sporting mas causou vários calafrios a Ederson e companhia.

Luisão, por exemplo, não foi feliz no primeiro jogo depois de renovar contrato com o clube da Luz. Com meia-hora de jogo, o central brasileiro viu o cartão amarelo por entrada muito dura sobre Boateng, por trás. Devia ter visto o vermelho direto. Com a experiência e estatuto que tem, Luisão não se deveria deixar levar por um duelo intenso mas leal com o jovem Boateng.

FICHA DE JOGO: o que aconteceu e as notas

Antes desse momento polémico, refira-se, não houve muito mais de relevante para contar. O Benfica atacava preferencialmente pelo seu lado direito, onde Nélson Semedo corria por ele e por Salvio. O internacional português subia com frequência e sentia pouco apoio na retaguarda.

Foi por ali, de resto, que a equipa de Rui Vitória chegou à vantagem. Dramé fez um carrinho sobre Nélson Semedo, de pé em riste, parecendo tocar na bola mas à margem das leis do jogo. Pizzi bateu o livre indireto e Mitroglou, nas costas de Cauê, cabeceou para o fundo da baliza do Moreirense.

O nulo era quebrado ao minuto 42 e a balança pedia para o lado mais forte, embora não houvesse um domínio claro no retângulo de jogo. Havia ainda assim mais Benfica, tirando proveito de um adversário que atacava com entusiasmo mas acumulava desequilíbrios quando sofria respostas rápidas.

O Moreirense de Petit, tentando responder à vitória do Nacional durante a tarde (ficou a um ponto da linha de água, onde se encontram os Cónegos), teve de mudar de postura para a etapa complementar. Aceitou esse papel e discutiu o jogo como se estivesse perante um seu igual.

Dramé, por exemplo, beneficiou de um equívoco defensivo do Benfica – um de muitos – para fugir a Luisão ao minuto 50 e picar a bola sobre Ederson. Valeu na altura Lindelof, negando o golo do empate sobre a linha.

Rui Vitória via a sua equipa a sentir dificuldades, sem conseguir reagir. Com uma hora de jogo, Cauê surgiu em boa posição na sequência de um pontapé de canto mas rematou por cima. A melhor oportunidade, ainda assim, surgiu ao minuto 68. Dramé, um poço de força, recebeu na área do Benfica pela direita e serviu Neto, que atirou incrivelmente ao lado. Por essa altura, o empate seria justo.

O tricampeão nacional melhorou quando o treinador mudou os seus flanqueadores. Salvio saiu insatisfeito para a entrada de Zivkovic, Cervi substituiu Rafa e Samaris reforçou o miolo com o sacrifício de Jonas, subindo Pizzi. Por essa altura, as forças já iam faltando ao adversário.

Foi aliás o melhor período do Benfica, ameaçando até o segundo golo, quando Mitroglou ganhou espaço na área do Moreirense e Makaridze evitou o 0-2 com uma mancha providencial. O líder não conseguia de qualquer forma afastar a imagem de desconforto.

O Moreirense acabou o jogo com o guarda-redes na área contrária, para o derradeiro livre. Nervos à flor da pele, máxima intensidade, confusão e apito final. Sem alterações no marcador. Derradeira nota para um soco de Samaris em Diego Ivo, captado pela transmissão televisiva do encontro, nesse período de caos no relvado.